segunda-feira, 18 de março de 2013

A grande surpresa


            Era uma tarde comum como tantas outras, mas a tarde do dia 13 de março de 2013 entraria para a história. Durante o período em que permaneci no quarto com meus estudos e senti necessidade de buscar água, parecia tudo tão igual, mas no momento em que cheguei ao bebedouro notei algo bem curioso. O fato que me chamou a atenção foi perceber ao olhar a TV que uma das maiores empresas da comunicação mundial transmitia ao vivo imagens de uma simples ,e aparentemente comum, chaminé. Na verdade, tudo que parecia tão comum e tão óbvio iria surpreender a população mundial.
            Antes de tudo, um relato pessoal. Durante os últimos acontecimentos na Igreja Católica (Renúncia, escândalos e eleições) e com o bombardeio midiático de informações oficiais e extra-oficiais optei por não acompanhar todas as notícias que apareciam acerca do Papa, da Igreja e do Povo de Deus. Percebi um número muito maior de especulações do que de informações, por isso fiz essa opção.
            Voltemos ao caso. O surpreendente era que os canais transmitiam ao vivo imagens de uma simples chaminé, e o mais curioso, os canais seculares o faziam com tanta piedade e devoção que até pareciam canais religiosos. Naquele momento pensei, “como uma instituição conceituada por essas mídias, por seguidores e não seguidores como retrógrada, ultrapassada, corrupta, iníqua, preconceituosa, conservadora, medieval, excludente e tantos outros adjetivos pejorativos tornava-se o centro da unidade fraterna mundial a ponto de virar notícia principal? O que estava acontecendo com a sociedade moderna? Por que tais fatos como reconhecimento da limitação humana, atitudes de humildade, reflexão teológica e imagens de uma mera chaminé virariam notícias de capa? Confesso que não sei e estou até agora tentando entender, mas procurarei compreender.
            De repente um susto, algo saía da chaminé, obviamente saía fumaça, pois o que mais poderia ser esperado? Todavia a fumaça que a princípio era escura começou a clarear ficando branca como uma nuvem do céu. “Fumaça branca!”, alguém exclamou, o que significaria que o Colégio Cardinalício, sob a luz do Espírito Santo, havia escolhido o Pontífice para governar a Igreja. Os sinos do Vaticano soaram e confirmaram a mensagem que saia da chaminé. A euforia tomou conta dos presentes, tanto dos que estavam na sala de TV quanto dos que estavam em vigília na Praça de São Pedro. Ouvi fogos, gritos e aclamações “Habemus Papam!” Nas redes sociais não se falava de outra coisa, e a hashtag #hamebuspapam dominou o Trending Topics por prolongado tempo. Nessa hora, confesso, senti um forte calafrio e o meu corpo ficou todo arrepiado quando pensei, faço parte dessa história, Sou a Igreja Católica.
            Os minutos se passaram e o público só aumentava na sala, e um amigo em Roma twitou “correia nas ruas de Roma, pessoas se movem de todos os lados rumo ao Vaticano”. Após mais de uma hora de espera, um movimento é percebido na sacada da Basílica de São Pedro. As cortinas e as portas se abrem com uma ansiosa proclamação: “Habemus Papam” seguida da aclamação do Povo de Deus que se calou surpresa ao ouvir “Cardinale Jorge Mario Bergolio, papa Francesco” e a Igreja voltou a sorrir, cantar e festejar.
            Grande era a surpresa de todos, mas um cardial de 76 anos de idade, e que em 2005 era o nome após ao do cardeal Ratzinger para a sucessão papal, havia sido escolhido para governar a Igreja depois de Bento XVI. Um argentino fazendo a história da Igreja como o primeiro papa latino americano. Outro grandioso fato foi o nome escolhido por ele, Francisco. O interessante é que no século XII um jovem europeu chamado Francisco, diante de uma crise ideológica, encontra-se a orar em uma igrejinha em ruínas na cidade de Assis, Itália, e que era dedicada a São Damião. Durante o momento místico, o jovem Francisco ouviu a voz do próprio Cristo vindo do crucifixo, que dizia, “Francisco, reconstrói a minha Igreja que está em ruínas”. Francisco muda de vida e começa uma nova história. A princípio ele acreditava que a reconstrução tratava-se apenas da restauração daquela igrejinha abandonada e em ruínas, mas na verdade, e nem sabemos se Francisco tomou consciência de que a restauração compreendeu a reedificação de toda a Igreja pós reforma protestante.
            A Igreja hoje sofre ataques cruéis vindos de meios seculares, de pessoas pouco idôneas e até mesmo do seu próprio clero, o que de fato, mexeu um pouco com a paz dos seus fiéis, mas não a fé. A Igreja tem sido alvo de manchetes maldosas nos principais jornais do mundo, e muitos atacam por mera ignorante antipatia. De fato, coisas não tão boas aconteceram no seio da Igreja, e eis que surge o papa Francisco. O nome diz muito, pois reflete a identidade da pessoa, sua essência.
            E eis que fazendo jus ao nome, surge na sacada de São Pedro o papa Francisco com cara assustada diante de suas ovelhas que com grande euforia o aclamavam. E ao abrir a boca pronunciou espontaneamente palavras edificantes ao povo eufórico que o acolhia. Com vestes simples convocou o povo a uma caminhada de fé partilhada na fraternidade, e num gesto de profunda humildade inclinou-se diante dos fiéis na Praça de São Pedro e pediu que ela intercedesse a Deus pelo seu novo pastor no início do seu pontificado, grande gesto! Que exemplo!  Na tarde desse dia 13 de março a Igreja que sempre pregou a humildade deu ao mundo inteiro o maior testemunho de vida daquilo que prega à sociedade atual. Na verdade, tanto Bento XVI no final de seu pontificado e Francisco nessa sucessão apostólica buscaram na origem do Cristianismo, em Jesus Cristo, a base para a caminhada de fé da Igreja. A humildade faz com que a Igreja seja a unidade dos cristãos, e essa unidade foi reforçada no testemunho que o topo da pirâmide eclesial deu, não só aos seus fiéis, mas para toda a população mundial.
            Portanto, chegamos ao ponto em que a exemplo de Jesus Cristo e do testemunho dos seus apóstolos e daqueles que Ele escolheu para conduzir a sua Igreja nós, cristãos católicos, precisamos testemunhar aos cristãos e aos não cristãos o simples jeito de viver que Cristo nos deixou como legado. Por isso, pregar o Evangelho hoje é muito mais do que recitar belas palavras, mas testemunhar o jeito de Cristo, é viver como viveria o próprio Cristo, e isso é a grande surpresa da vida que torna qualquer rotina numa extraordinária doação comum e humilde aos outros, e isso o Papa Francisco começou fazendo e surpreendeu a todos.

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