Era uma tarde comum como tantas
outras, mas a tarde do dia 13 de março de 2013 entraria para a história.
Durante o período em que permaneci no quarto com meus estudos e senti
necessidade de buscar água, parecia tudo tão igual, mas no momento em que
cheguei ao bebedouro notei algo bem curioso. O fato que me chamou a atenção foi
perceber ao olhar a TV que uma das maiores empresas da comunicação mundial
transmitia ao vivo imagens de uma simples ,e aparentemente comum, chaminé. Na
verdade, tudo que parecia tão comum e tão óbvio iria surpreender a população
mundial.
Antes de tudo, um relato pessoal.
Durante os últimos acontecimentos na Igreja Católica (Renúncia, escândalos e
eleições) e com o bombardeio midiático de informações oficiais e extra-oficiais
optei por não acompanhar todas as notícias que apareciam acerca do Papa, da
Igreja e do Povo de Deus. Percebi um número muito maior de especulações do que
de informações, por isso fiz essa opção.
Voltemos ao caso. O surpreendente
era que os canais transmitiam ao vivo imagens de uma simples chaminé, e o mais
curioso, os canais seculares o faziam com tanta piedade e devoção que até
pareciam canais religiosos. Naquele momento pensei, “como uma instituição
conceituada por essas mídias, por seguidores e não seguidores como retrógrada,
ultrapassada, corrupta, iníqua, preconceituosa, conservadora, medieval,
excludente e tantos outros adjetivos pejorativos tornava-se o centro da unidade
fraterna mundial a ponto de virar notícia principal? O que estava acontecendo
com a sociedade moderna? Por que tais fatos como reconhecimento da limitação
humana, atitudes de humildade, reflexão teológica e imagens de uma mera chaminé
virariam notícias de capa? Confesso que não sei e estou até agora tentando
entender, mas procurarei compreender.
De repente um susto, algo saía da
chaminé, obviamente saía fumaça, pois o que mais poderia ser esperado? Todavia
a fumaça que a princípio era escura começou a clarear ficando branca como uma
nuvem do céu. “Fumaça branca!”, alguém exclamou, o que significaria que o
Colégio Cardinalício, sob a luz do Espírito Santo, havia escolhido o Pontífice
para governar a Igreja. Os sinos do Vaticano soaram e confirmaram a mensagem
que saia da chaminé. A euforia tomou conta dos presentes, tanto dos que estavam
na sala de TV quanto dos que estavam em vigília na Praça de São Pedro. Ouvi
fogos, gritos e aclamações “Habemus
Papam!” Nas redes sociais não se falava de outra coisa, e a hashtag
#hamebuspapam dominou o Trending Topics por prolongado tempo. Nessa hora, confesso,
senti um forte calafrio e o meu corpo ficou todo arrepiado quando pensei, faço
parte dessa história, Sou a Igreja Católica.
Os minutos se passaram e o público
só aumentava na sala, e um amigo em Roma twitou “correia nas ruas de Roma,
pessoas se movem de todos os lados rumo ao Vaticano”. Após mais de uma hora de
espera, um movimento é percebido na sacada da Basílica de São Pedro. As
cortinas e as portas se abrem com uma ansiosa proclamação: “Habemus Papam” seguida da aclamação do Povo de Deus que se calou
surpresa ao ouvir “Cardinale Jorge Mario
Bergolio, papa Francesco” e a Igreja voltou a sorrir, cantar e festejar.
Grande era a surpresa de todos, mas
um cardial de 76 anos de idade, e que em 2005 era o nome após ao do cardeal
Ratzinger para a sucessão papal, havia sido escolhido para governar a Igreja
depois de Bento XVI. Um argentino fazendo a história da Igreja como o primeiro
papa latino americano. Outro grandioso fato foi o nome escolhido por ele,
Francisco. O interessante é que no século XII um jovem europeu chamado
Francisco, diante de uma crise ideológica, encontra-se a orar em uma igrejinha
em ruínas na cidade de Assis, Itália, e que era dedicada a São Damião. Durante
o momento místico, o jovem Francisco ouviu a voz do próprio Cristo vindo do
crucifixo, que dizia, “Francisco, reconstrói a minha Igreja que está em
ruínas”. Francisco muda de vida e começa uma nova história. A princípio ele
acreditava que a reconstrução tratava-se apenas da restauração daquela
igrejinha abandonada e em ruínas, mas na verdade, e nem sabemos se Francisco
tomou consciência de que a restauração compreendeu a reedificação de toda a
Igreja pós reforma protestante.
A Igreja hoje sofre ataques cruéis
vindos de meios seculares, de pessoas pouco idôneas e até mesmo do seu próprio
clero, o que de fato, mexeu um pouco com a paz dos seus fiéis, mas não a fé. A
Igreja tem sido alvo de manchetes maldosas nos principais jornais do mundo, e
muitos atacam por mera ignorante antipatia. De fato, coisas não tão boas
aconteceram no seio da Igreja, e eis que surge o papa Francisco. O nome diz
muito, pois reflete a identidade da pessoa, sua essência.
E eis que fazendo jus ao nome, surge
na sacada de São Pedro o papa Francisco com cara assustada diante de suas
ovelhas que com grande euforia o aclamavam. E ao abrir a boca pronunciou
espontaneamente palavras edificantes ao povo eufórico que o acolhia. Com vestes
simples convocou o povo a uma caminhada de fé partilhada na fraternidade, e num
gesto de profunda humildade inclinou-se diante dos fiéis na Praça de São Pedro
e pediu que ela intercedesse a Deus pelo seu novo pastor no início do seu
pontificado, grande gesto! Que exemplo!
Na tarde desse dia 13 de março a Igreja que sempre pregou a humildade
deu ao mundo inteiro o maior testemunho de vida daquilo que prega à sociedade
atual. Na verdade, tanto Bento XVI no final de seu pontificado e Francisco
nessa sucessão apostólica buscaram na origem do Cristianismo, em Jesus Cristo,
a base para a caminhada de fé da Igreja. A humildade faz com que a Igreja seja a
unidade dos cristãos, e essa unidade foi reforçada no testemunho que o topo da
pirâmide eclesial deu, não só aos seus fiéis, mas para toda a população
mundial.
Portanto, chegamos ao ponto em que a
exemplo de Jesus Cristo e do testemunho dos seus apóstolos e daqueles que Ele
escolheu para conduzir a sua Igreja nós, cristãos católicos, precisamos
testemunhar aos cristãos e aos não cristãos o simples jeito de viver que Cristo
nos deixou como legado. Por isso, pregar o Evangelho hoje é muito mais do que
recitar belas palavras, mas testemunhar o jeito de Cristo, é viver como viveria
o próprio Cristo, e isso é a grande surpresa da vida que torna qualquer rotina
numa extraordinária doação comum e humilde aos outros, e isso o Papa Francisco
começou fazendo e surpreendeu a todos.
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