O Sonho dos nove anos
"Na idade de 9 anos tive um sonho, que me ficou profundamente impresso na mente por toda a vida. Pareceu-me estar perto de casa. Numa área bastante espaçosa onde uma multidão de meninos estava a brincar. Alguns riam, outros divertiam-se, não poucos blasfemavam. Ao ouvir as blasfêmias, lancei-me de pronto no meio deles, tentando, com socos e palavras, fazê-los calar.
Neste momento apareceu um homem venerando, de aspecto varonil, nobremente vestido. Um manto branco cobria-lhe o corpo; seu rosto, porém, era tão luminoso que eu não conseguia fitá-lo. Chamou-me pelo nome e mandou que me pusesse à frente daqueles meninos, acrescentando estas palavras:
– Não é com pancadas, mas com a mansidão e a caridade que deverás ganhar esses teus amigos. Põe-te imediatamente a instruí-los sobre a fealdade do pecado e a preciosidade da virtude.
Confuso e assustado, repliquei que eu era um menino pobre e ignorante, incapaz de lhes falar de religião. Senão quando aqueles meninos, parando de brigar, de gritar e blasfemar, juntaram-se ao redor do personagem que estava a falar.
Quase sem saber o que dizer, acrescentei:
- Quem sois vós que me ordenais coisas impossíveis?
– Justamente porque te parecem impossíveis, deves torná-las possíveis com a obediência e a aquisição da ciência.
- Onde, com que meios poderei adquirir a ciência?
- Eu te darei a mestra, sob cuja orientação poderás tornar-te sábio, e sem a qual toda sabedoria se converte em estultície.
- Mas quem sois vós que assim falais?
- Sou o filho daquela que tua mãe te ensinou a saudar três vezes ao dia.
- Minha mãe diz que sem sua licença não devo estar com gente que não conheço; dizei-me, pois, vosso nome.
– Pergunta-o à minha mãe
Quase sem saber o que dizer, acrescentei:
- Quem sois vós que me ordenais coisas impossíveis?
– Justamente porque te parecem impossíveis, deves torná-las possíveis com a obediência e a aquisição da ciência.
- Onde, com que meios poderei adquirir a ciência?
- Eu te darei a mestra, sob cuja orientação poderás tornar-te sábio, e sem a qual toda sabedoria se converte em estultície.
- Mas quem sois vós que assim falais?
- Sou o filho daquela que tua mãe te ensinou a saudar três vezes ao dia.
- Minha mãe diz que sem sua licença não devo estar com gente que não conheço; dizei-me, pois, vosso nome.
– Pergunta-o à minha mãe
Nesse momento vi ao seu lado uma senhora de aspecto majestoso, vestida de um manto todo resplandecente, como se cada uma de suas partes fosse fulgidíssima estrela. Percebendo-me cada vez mais confuso em minhas perguntas e respostas, acenou para que me aproximasse e, tomando-me com bondade pela mão, disse: - Olha. Vi então que todos os meninos haviam fugido, e em lugar deles estava uma multidão de cabritos, cães, gatos, ursos, e outros animais. – Eis o teu campo, onde deves trabalhar. Torna-te humilde, forte, robusto; e o que agora vês a esses animais, deves fazê-los aos meus filhos. |
Tornei então a olhar, e em vez de animais ferozes apareceram mansos cordeiros que, saltitando e balindo, corriam ao redor daquele homem e daquela senhora, como a fazer-lhes festa.
Neste ponto, sempre no sonho, desatei a chorar, e pedi que falassem de maneira que eu pudesse compreender, porque não sabia o que significava tudo aquilo. A senhora descansou a mão em minha cabeça dizendo:
– A seu tempo tudo compreenderás.
Após essas palavras, um ruído qualquer me acordou, e tudo desapareceu.
Permaneci atônito. Parecia que minhas mãos doíam devido aos socos que tinha dado, que minha face doía pelos socos recebidos. Aquele personagem, aquela senhora, as coisas ditas e ouvidas, me ocuparam de tal forma a mente que não consegui retomar o sono aquela noite."
P. João Bosco
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Sonho das dez colinas; estado das consciências —
1864
Lê-se no
Livro do Profeta Daniel — escreve Dom Lemoyne — no Capítulo I, versículo 17,
que quatro jovens de famílias nobres que tinham sido levados escravos de
Jerusalém à Babilônia pelo Rei Nabucodonosor, como permanecessem fiéis às leis
do Senhor, pueris his dedit Deus
scientiam et disciplinam in omni libero et sapientia; Danieli autem
intelligentiam omnium visionum et somniorum. (A esses quatro jovens,
Deus concedeu talento e saber no domínio das letras e das ciências. Daniel era
particularmente entendido na interpretação de visões e sonhos).
Daniel
recebeu de Deus a graça de saber distinguir os sonhos inspirados pelo Senhor
dos que eram acidentais e fortuitos e de conhecer o que Deus queria lhe dizer
neles.
Tal, e
pelo mesmo motivo, foi a graça que o céu concedeu a Dom Bosco, com
os sonhos que até aqui narramos; como também evidentemente, segundo nosso
parecer, com o que seguidamente vamos expor e que foi narrado pelo Santo na
noite de 22 de outubro de 1864.
Dom Bosco tinha sonhado a noite precedente. Ao mesmo tempo, um jovem chamado
C... E..., de Casa de campo Monferrato, teve também o mesmo sonho,
parecendo-lhe que se encontrava com Dom Bosco e que falava com ele.
Ao levantar-se estava tão impressionado que foi contar quanto tinha sonhado a
seu professor, o qual aconselhou-lhe que se entrevistasse com o Santo. O
jovem obedeceu imediatamente e se encontrou com Dom Bosco que
baixava as escadas em sua busca para fazer o mesmo.
Pareceu-lhe
encontrar-se em um muito extenso vale ocupado por milhares e milhares de
jovenzinhos; tantos eram, que o Santo não acreditou que houvesse tantos moços
no mundo. Entre aqueles jovens viu os que estiveram e aos que estão na casa e
aos que um dia estariam nela. Mesclados com eles estavam os sacerdotes e os
clérigos da mesma.
Uma
montanha muito alta fechava aquele vale por um lado. Enquanto Dom
Bosco pensava no que faria com aqueles moços, uma voz disse-lhe:
— Vês
aquela montanha? Pois bem, é necessário que você e os teus ganhem sua cima.
Então, ele
deu ordem a todas aquelas turbas de encaminhar-se ao lugar indicado. Os jovens
ficaram em marcha e começaram a escalar a montanha a toda pressa. Os sacerdotes
da casa corriam diante animando aos moços à ascensão, levantavam os cansados e
carregavam sobre suas costas aos que não podiam prosseguir a causa do cansaço. Dom Bosco, com as mangas da batina arregaçados, trabalhava mais que
nenhum e tomando aos moços de dois em dois os lançava pelo ar em direção à
montanha, sobre a qual caíam de pé, brincando de correr depois alegremente por
uma e outra parte.
Dom
Cagliero e Dom Francesia percorriam as filas gritando:
— Animo,
adiante! Adiante; ânimo!
Em pouco
mais de uma hora aqueles numerosos grupos de jovens tinham alcançado a cúpula: Dom Bosco também tinha ganho a meta.
— E agora
o que faremos? — disse.
E a voz
acrescentou:
— Deves
percorrer com teus jovens essas dez colinas que contemplas diante de ti,
dispostas uma após a outra.
— Mas como
poderemos suportar uma viagem tão longa, com tantos jovens tão pequenos e tão
delicados?
— Quem não
possa servir-se de seus pés, será transportado — lhe respondeu —.
E eis aqui
que, em efeito, aparece por um extremo da colina uma magnífica carruagem. Tão
formosa era que resultaria impossível descrevê-la, mas algo se pode dizer.
Tinha forma triangular e estava dotada de três rodas que se moviam em todas
direções. Dos três ângulos partiam três hastes que se uniam em um ponto sobre a
mesma carruagem formando como o teto de uma parreira. Sobre o ponto de união
levantava-se um magnífico estandarte no qual estava escrito com caracteres
cubitais, esta palavra: INOCÊNCIA. Uma franja corria ao redor de toda a
carruagem formando uma orla e na qual aparecia a seguinte inscrição: Adjutorio
Dei Altissimi Patris et Filii et Spiritus Sancti.
O veículo,
que resplandecia como o ouro e que estava guarnecido de pedras preciosas,
avançou chegando a colocar-se em meio dos jovens. Depois de recebida uma ordem,
muitos meninos subiram a ele. Seu número era de uns quinhentos. Apenas
quinhentos entre tantos milhares e milhares de jovens, eram inocentes!
Um vez
ocupado o carro, Dom Bosco pensava por que caminho teria que
dirigir-se, quando viu ante sua vista uma larga e cômoda caminho, semeada ao
mesmo tempo de espinhos. Em instantes apareceram seis jovens que tinham morrido
no Oratório, vestidos de branco e hasteando uma muito formosa bandeira em que
se lia: POENUENTIA (?). Estes foram colocar se à cabeça de todas aquelas
falanges de moços que tinham que continuar a viagem a pé.
Seguidamente
se deu o sinal de partida. Muitos sacerdotes se lançaram ao varal da carruagem,
que começou a mover-se atirado por eles. Os seis jovens vestidos de branco
seguiram-lhes. Detrás ia toda a multidão dos moços. Acompanhados de uma música
muito formosa e indescritível; os que foram na carruagem entoaram o te Sentencie, pueri,
Dominum.
Dom Bosco prosseguia seu caminho como embriagado por aquela melodia do céu,
quando lhe ocorreu olhar para trás para comprovar se todos os jovens lhe
seguiam. Mas oh doloroso espetáculo! Muitos tinham ficado no vale e outros
muitos tornaram para atrás. Presa de inexprimível dor decidiu refazer o caminho
já feito para persuadir a aqueles insensatos de que continuassem na empresa e
para ajudá-los a segui-lo. Mas lhe foi negado categoricamente.
— Se não
os ajudar, estes pobrezinhos perder-se-ão — exclamou cheio de dor.
— Pior
para eles, — foi respondido —. Foram chamados como outros e não quiseram te
seguir. Conhecem o caminho que terás que percorrer e isso basta.
Dom Bosco quis replicar; rogou, insistiu, mas tudo foi inútil.
— Também
você tem que praticar a obediência — lhe disse.
E sem
dizer mais, prosseguiu seu caminho.
Incluso no que tinha refeito desta dor, quando aconteceu outro lamentável incidente.
Muitos dos
jovens que se encontravam na carruagem, pouco a pouco, tinham caído da
carruagem. Dos quinhentos apenas se ficavam cento e cinqüenta sob o estandarte
da inocência.
A Dom Bosco parecia-lhe que o coração lhe ia estalar no peito por aquela
insuportável angustia. Abrigava, contudo, a esperança de que aquilo fosse
somente um sonho; fazia toda classe de esforços para despertar, mas cada vez se
convencia mais de que se tratava de uma terrível realidade. Batia palmas e
ouvia o ruído produzido por suas mãos: gemia e percebia seus gemidos ressonando
na habitação; queria dissipar aquele terrível pesadelo e não podia.
— Ah, meus
queridos jovens! — exclamou ao chegar a este ponto da narração do sonho. Eu vi
e reconheci aos que ficaram no vale; aos que voltaram atrás e aos que caíram da
carruagem. Reconheci-os a todos. Mas não duvidem que farei toda sorte de
esforços a meu alcance para salvá-los. Muitos de Vós por mim convidados a que
se confessassem, não responderam a minha chamada. Por caridade, salvem suas
almas.
Muitos dos
jovenzinhos que caíram do carro foram colocar-se pouco a pouco entre as filas
dos que caminhavam detrás da segunda bandeira.
Enquanto
isso, a música do carro continuava, sendo tão doce, que a dor de Dom
Bosco foi desaparecendo.
Tínhamos
passado já sete colinas e ao chegar à oitava, a multidão de jovens chegou a um
muito belo povoado no qual descansaram. As casas eram de uma riqueza e de uma
beleza indescritíveis.
Ao falar
com os jovens sobre aquele lugar, exclamou:
—
Dir-lhes-ei com a Santa Teresa o que ela afirmou das coisas do Paraíso: são
coisas que se se falar delas perdem valor, porque são tão belas que é inútil
esforçar-se em descrever. Portanto, só acrescentarei que as colunas daquelas
casas pareciam de ouro, de cristal e de diamante ao mesmo tempo, de forma que
produziam uma grata impressão, saciavam à vista e infundiam um gozo
extraordinário. Os campos estavam repletos de árvores em cujos ramos apareciam,
ao mesmo tempo, flores, gemas, frutos amadurecidos e frutos verdes. Era um
espetáculo encantador.
Os
jovenzinhos se esparramaram por toda parte; atraídos uns por uma coisa, outros
por outra, e desejosos ao mesmo tempo de provar aquelas frutas.
Foi neste
povoado onde o jovem de que falamos, encontrou-se com Dom Bosco,
tendo com ele um prolongado diálogo. Ambos recordavam depois as perguntas e respostas
da conversação que tinham mantido. Singular combinação de dois sonhos!
Dom Bosco experimentou aqui outra estranha surpresa. Viu de repente a seus
jovens como se tornavam velhos; sem dentes, com o rosto cheio de rugas, com os
cabelos brancos; encurvados, caminhando com dificuldade, apoiados em bengalas.
O servo de Deus estava maravilhado daquela metamorfose, mas a voz disse-lhe:
— Você se
maravilha; mas tem que saber que não faz horas que saiu do vale, mas anos e
anos. Foi a música a que tem feito que o caminho te parecesse curto. Em prova
do que te digo, observa tua fisionomia e te convencerás de que te estou dizendo
a verdade.
Então a Dom Bosco foi apresentado um espelho. Olhou-se nele e comprovou que
seu aspecto era o de um homem ancião, de rosto coberto de rugas e de boca
desdentada.
A
comitiva, enquanto isso, voltou a ficar em marcha e os jovens manifestavam
desejos de quando em quando de deter-se para contemplar algumas costumes que
eram para eles completamente novas. Mas Dom Bosco lhes dizia:
— Adiante,
adiante, não necessitamos de nada; não temos fome, não temos sede, portanto,
prossigamos adiante.
Ao fundo,
ao longe, sobre a décima colina despontava uma luz que ia sempre em aumento,
como se saísse de uma maravilhosa porta. Voltou a ouvir-se novamente o canto,
tão harmonioso, que somente no Paraíso pode-se ouvir e gostar de uma coisa
igual. Não era uma música instrumental, mas sim mas bem produzida por vozes
humanas. Era algo impossível de descrever, e tanto foi o júbilo que inundou a
alma de Dom Bosco, que despertou encontrando-se no leito.
Eis aqui a
explicação que o Santo fez do sonho.
— O vale é
o mundo. A montanha, os obstáculos que impedem de nos separar dele. A
carruagem, vocês entendem (a inocência). Os grupos de jovens a pé, são os que,
perdida a inocência, arrependeram-se de seus pecados.
Dom Bosco acrescentou também que as dez colinas representavam os dez
Mandamentos da Lei de Deus, cuja observância conduz à vida eterna.
Depois
acrescentou que se havia necessidade disso estava disposto a dizer
confidencialmente a alguns jovens o papel que desempenhavam no sonho, se
ficaram no vale ou se caíram da carruagem.
Ao baixar Dom Bosco da tribuna, o aluno Antonio Ferraris se aproximou dele e
lhe contou diante de nós, que ouvimos suas palavras, que na noite anterior
tinha sonhado que se encontrava em companhia de sua mãe, a qual lhe tinha
perguntado se para a festa de Páscoa iria casa a passar uns dias de férias, e
que ele havia dito que antes de dita data teria voado ao Paraíso... Depois,
confidencialmente disse algumas palavras ao ouvido de Dom Bosco.
Antonio Ferraris morreu em 16 de março de 1865.
Nós —
continua Dom Lemoyne* — escrevemos o sonho imediatamente e a mesma noite de 22
de outubro de 1864, acrescentamos-lhe ao final a seguinte adendo: "Tenho a
segurança de que Dom Bosco em suas explicações procurou velar o que
o sonho tem de mais surpreendente, ao menos respeito a algumas circunstâncias.
A explicação dos dez Mandamentos não me satisfaz. A oitava colina sobre a qual Dom Bosco faz uma parada e o contemplar-se no espelho tão ancião,
acredito que quer indicar que o Santo morreria passados os setenta anos. O
futuro falará".
Este tempo
aconteceu e nós temos que ratificar nossa opinião. O sonho indicava a Dom Bosco a duração de sua vida. Confrontemos com este sonho o sonho da Roda,
que só pudemos conhecer alguns anos depois.
As voltas
da roda procedem por decênios: avança-se de uma a outra colina de dez em dez
anos. As colinas são dez, representando uns cem anos que é o máximo da vida do
homem.
No
primeiro decênio vemos Dom Bosco, ainda menino, começando sua missão
entre seus companheiros do Bechi, dando assim principio a sua viagem; depois
comprovamos como percorre sete colinas, isto é, sete decênios, chegando,
portanto, aos setenta anos de idade; sobe à oitava colina e nela descansa:
contempla casas e campos maravilhosos, ou melhor dizendo, sua Pia Sociedade,
que cresceu e produziu frutos pela bondade infinita de Deus. O caminho a
percorrer na oitava colina é ainda largo e o Santo empreende a marcha; mas
não chega à nona colina porque acordada antes. E assim finalizou sua carreira
no oitavo decênio, pois morreu aos setenta e dois anos e cinco meses de idade.
O que
opina o leitor de tudo isto? Acrescentaremos que a noite seguinte, havendo-nos
perguntado Dom Bosco a nós mesmos, qual era nosso pensamento sobre
este sonho, respondemos-lhe que nos parecia que não se referia somente aos
jovens, mas sim também queria significar a dilatação da Pia Sociedade Salesiana por todo mundo.
Mas como?
— replicou um de nossos irmãos —; temos já Colégios no Mirabello e em Lanço e
se abrirá algum outro mais no Piamonte. Que mais quer?
— São
muito diferentes os destinos anunciados pelo sonho — dissemos.
E Dom Bosco aprovava sorridente nossa opinião.
* O salesiano padre Lemoyne foi o biógrafo de São João Bosco.
(M. B. Volume VII, págs. 796-800)
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Sonho com a construção de Brasília
Era o dia 30 de agosto de 1883. Dom Bosco, vê em sonho,
aproximar-se um jovem muito amável e de beleza sobre-humana, dizendo-se seu
amigo e dos Salesianos e que vinha em nome de Deus para dar-lhe um pouco de
trabalho: começaram fazendo uma grande viagem pela América Latina.
Partem de trem de Cartagena na Venezuela. Atravessam regiões de densas matas e caudalosos rios, onde encontraram pessoas de estatura gigantesca. Pergunta Dom Bosco ao jovem onde estavam e ele responde: “Note bem, observe! Viajaremos ao longo da cordilheira da América do Sul”. Enquanto examinavam o mapa, a máquina apitou e o trem pôs-se em movimento. Atravessaram montanhas, bosques e planícies. Enxergavam nas vísceras das montanhas e no subsolo da terra. Tinham debaixo dos olhos as riquezas incomparáveis daqueles países, riquezas que um dia viriam a ser descobertas.
Viam numerosos filões de metais preciosos, minas inexauríveis de carvão, depósitos de petróleo extremamente abundantes. Exatamente entre os paralelos de 15° e 20° havia uma enseada bastante extensa que partia do ponto onde se formava um grande lago. Ouviu-se então uma voz: “Quando se escavarem essas minas escondidas em meio a esses montes aparecerá aqui a terra prometida que jorra leite e mel. Será uma riqueza inconcebível”. A viagem prosseguiu até o sul da Patagônia e houve o regresso até o ponto de partida na Venezuela.
Partem de trem de Cartagena na Venezuela. Atravessam regiões de densas matas e caudalosos rios, onde encontraram pessoas de estatura gigantesca. Pergunta Dom Bosco ao jovem onde estavam e ele responde: “Note bem, observe! Viajaremos ao longo da cordilheira da América do Sul”. Enquanto examinavam o mapa, a máquina apitou e o trem pôs-se em movimento. Atravessaram montanhas, bosques e planícies. Enxergavam nas vísceras das montanhas e no subsolo da terra. Tinham debaixo dos olhos as riquezas incomparáveis daqueles países, riquezas que um dia viriam a ser descobertas.
Viam numerosos filões de metais preciosos, minas inexauríveis de carvão, depósitos de petróleo extremamente abundantes. Exatamente entre os paralelos de 15° e 20° havia uma enseada bastante extensa que partia do ponto onde se formava um grande lago. Ouviu-se então uma voz: “Quando se escavarem essas minas escondidas em meio a esses montes aparecerá aqui a terra prometida que jorra leite e mel. Será uma riqueza inconcebível”. A viagem prosseguiu até o sul da Patagônia e houve o regresso até o ponto de partida na Venezuela.
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Em
26 de maio de 1862 (São) João Dom Bosco tinha prometido a seus jovens que lhes
narraria algo muito agradável nos últimos dias do mês.
Em 30 de maio, pois, de noite contou-lhes uma
parábola ou sonho segundo ele quis denominá-la.
Eis aqui suas palavras:
"Quero-lhes contar um sonho. É certo que
o que sonha não raciocina; contudo, eu que contaria a Vós até meus pecados se
não temesse que saíssem fugindo assustados, ou que caísse a casa, este o vou
contar para seu bem espiritual. Este sonho o tive faz alguns dias.
Figurem-se que estão comigo junto à praia, ou
melhor, sobre um escolho isolado, do qual não vêem mais terra que a que têm
debaixo dos pés. Em toda aquela vasta superfície líquida via-se uma multidão
incontável de naves dispostas em ordem de batalha, cujas proas terminavam em um
afiado esporão de ferro em forma de lança que fere e transpassa todo aquilo
contra o qual arremete. Estas naves estão armadas de canhões, carregadas de
fuzis e de armas de diferentes classes; de material incendiário e também de
livros, e dirigem-se contra outra nave muito maior e mais alta, tentando
cravar-lhe o esporão, incendiá-la ou ao menos fazer-lhe o maior dano possível.
A esta majestosa nave, provida de tudo, fazem
escolta numerosas navezinhas que dela recebiam as ordens, realizando as
oportunas manobras para defender-se da frota inimiga. O vento lhes era adverso
e a agitação do mar parece favorecer aos inimigos.
Em meio da imensidão do mar levantam-se,
sobre as ondas, duas robustas colunas, muito altas, pouco distantes a uma da
outra. Sobre uma delas está a estátua da Virgem Imaculada, a cujos pés vê-se um
amplo cartaz com esta inscrição: Auxilium Christianorum.(Auxilio dos Cristãos)
Sobre a outra coluna, que é muito mais alta e mais grossa, há uma Hóstia de tamanho proporcionado ao pedestal e debaixo dela outro cartaz com estas palavras: Salus credentium.(Salvação dos crentes)
Sobre a outra coluna, que é muito mais alta e mais grossa, há uma Hóstia de tamanho proporcionado ao pedestal e debaixo dela outro cartaz com estas palavras: Salus credentium.(Salvação dos crentes)
O comandante supremo da nave maior, que é o
Romano Pontífice, ao perceber o furor dos inimigos e a situação difícil em que
se encontram seus fieis, pensa em convocar a seu redor aos pilotos das naves
ajudantes para celebrar conselho e decidir a conduta a seguir. Todos os pilotos
sobem à nave capitaneada e congregam-se ao redor do Papa. Celebram conselho;
mas ao ver que o vento aumenta cada vez mais e que a tempestade é cada vez mais
violenta, são enviados a tomar novamente o mando de suas respectivas naves.
Restabelecida por um momento a calma, O Papa
reúne pela segunda vez aos pilotos, enquanto a nave capitã continua seu curso;
mas a borrasca torna-se novamente espantosa.
O Pontífice empunha o leme e todos seus
esforços vão encaminhados a dirigir a nave para o espaço existente entre
aquelas duas colunas, de cuja parte superior pendem numerosas âncoras e grosas
argolas unidas a robustas cadeias.
As naves inimigas dispõem-se todas a
assaltá-la, fazendo o possível por deter sua marcha e por afundá-la. Umas com
os escritos, outras com os livros, outras com materiais incendiários dos que
contam em grande abundância, materiais que tentam arrojar a bordo; outras com
os canhões, com os fuzis, com os esporões: o combate torna-se cada vez mais
encarniçado. As proas inimigas chocam-se contra ela violentamente, mas seus
esforços e seu ímpeto resultam inúteis. Em vão reatam o ataque e gastam
energias e munições: a gigantesca nave prossegue segura e serena seu caminho.
Às vezes acontece que por efeito dos ataques
de que lhe são objeto, mostra em seus flancos uma larga e profunda fenda; mas
logo que produzido o dano, sopra um vento suave das duas colunas e as vias de
água fecham-se e as fendas desaparecem.
Disparam enquanto isso os canhões dos
assaltantes, e ao fazê-lo arrebentam, rompem-se os fuzis, o mesmo que as demais
armas e esporões. Muitas naves destroem-se e afundam no mar. Então, os
inimigos, acesos de furor começam a lutar empregando a armas curtas, as mãos,
os punhos, as injúrias, as blasfêmias, maldições, e assim continua o combate.
Quando eis aqui que o Papa cai ferido
gravemente. Imediatamente os que lhe acompanham vão a ajudar-lhe e o levantam.
O Pontífice é ferido uma segunda vez, cai novamente e morre. Um grito de
vitória e de alegria ressoa entre os inimigos; sobre as cobertas de suas naves
reina um júbilo inexprimível. Mas apenas morto o Pontífice, outro ocupa o posto
vacante. Os pilotos reunidos o escolheram imediatamente; de sorte que a notícia
da morte do Papa chega com o da eleição de seu sucessor. Os inimigos começam a
desanimar-se.
O novo Pontífice, vencendo e superando todos
os obstáculos, guia a nave em volta das duas colunas, e ao chegar ao espaço
compreendido entre ambas, a amarra com uma cadeia que pende da proa uma âncora
da coluna que ostenta a Hóstia; e com outra cadeia que pende da popa a sujeita
da parte oposta a outra âncora pendurada da coluna que serve de pedestal à
Virgem Imaculada. Então produz-se uma grande confusão. Todas as naves que até
aquele momento tinham lutado contra a embarcação capitaneada pelo Papa, dão-se
à fuga, dispersam-se, chocam entre si e destroem-se mutuamente. Umas ao
afundar-se procuram afundar às demais. Outras navezinhas que combateram
valorosamente às ordens do Papa, são as primeiras em chegar às colunas onde ficam
amarradas.
Outras naves, que por medo ao combate
retiraram-se e que se encontram muito distantes, continuam observando
prudentemente os acontecimentos, até que, ao desaparecer nos abismos do mar os
restos das naves destruídas, remam rapidamente em volta das duas colunas, e
chegando às quais se amarram aos ganchos de ferro pendentes das mesmas e ali
permanecem tranqüilas e seguras, em companhia da nave capitã ocupada pelo Papa.
No mar reina uma calma absoluta."
Ao chegar a este ponto do relato, (São) João
Dom Bosco perguntou ao (Beato) Miguel Dom Rúa:
— O que pensas desta narração?
O (Beato) Miguel Dom Rúa respondeu:
— Parece-me que a nave do Papa é a Igreja da
qual ele é a Cabeça: as outras naves representam aos homens e o mar ao mundo.
Os que defendem à embarcação do Pontífice são os fieis à Santa Se; os outros,
seus inimigos, que com toda sorte de armas tentam aniquilá-la. As duas colunas
salvadoras parece-me que são a devoção a María Santíssima e ao Santíssimo
Sacramento da Eucaristia.
O (Beato) Miguel Dom Rúa não fez referência
ao Papa cansado e morto e (São) João Dom Bosco nada disse tampouco sobre este
particular. Somente acrescentou:
— Hás dito bem. Somente terei que corrigir
uma expressão. As naves dos inimigos são as perseguições. Preparam-se dias
difíceis para a Igreja. O que até agora aconteceu (na história da Igreja) é
quase nada em comparação ao que tem de acontecer. Os inimigos da Igreja estão
representados pelas naves que tentam afundar a nave principal e aniquilá-la se
pudessem. Só ficam dois meios para salvar-se dentro de tanto desconcerto!
Devoção a Maria. Freqüência dos Sacramentos: Comunhão freqüente, empregando
todos os recursos para praticá-la nós e para fazê-la praticar a outros sempre e
em todo momento. Boa noite!
As conjecturas que fizeram os jovens sobre
este sonho foram muitíssimas, especialmente no referente ao Papa; mas (São)
João Dom Bosco não acrescentou nenhuma outra explicação.
Quarenta e oito anos depois — em 1907 — um
antigo aluno, cônego Dom João Ma. Bourlot recordava perfeitamente as palavras
de (São) João Dom Bosco.
Temos que concluir dizendo que muitos
consideraram este sonho como uma verdadeira visão ou profecia, embora (São)
João Dom Bosco ao narrá-lo parece que não se propôs outra coisa que, induzir
aos jovens a rezar pela Igreja e pelo Sumo Pontífice inculcando-lhes ao mesmo
tempo a devoção ao Santíssimo Sacramento e a Maria Santíssima.
(M. B. Volume VII, págs. 169-171)
aaaaa
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