domingo, 29 de abril de 2012

Chave Secreta


Nasci na terra do Frade e a Freira,
Do monte Aghá e da Senhora do Amparo. Padroeira.
Nasci na terra das águas do Itapemirim
Na terra dos barões, da história, da agricultura e da Paineiras.
Cresci as margens do Atlântico, dos brejos e lagoas;
Banhei-me nas praias do Centro, das Turcas, do Carone,
Nas Lagoas D’Antas, do Siri e do brejo do vovô.
Cresci chupado manga e Jamelão, e subia nos pés de goiaba.
Cresci chamando a professora de titia
E cantando adeusinho eu vou embora no fim do dia.
Brinquei de pique, bola, polícia e ladrão
E descia os morros com carrinhos de rolimã.
Acordei! Fui a Igreja. Brinquei e rezei.
Entrei para a catequese, estudei os mandamentos e fui a missa.
Fiz-me santo! Confessei, comunguei e Crismei.
Participei de encenações, passeios e procissões.
Aflorei nas brincadeiras à caminho da escola,
Nas conversas de amigos e nos jogos de bola.
Descobri-me homem sem querer, por acidente
Nas brincadeiras sozinho, ou de médico e paciente.
Amadureci matando as aulas chatas de química
Para estudar anatomia, beijar na boca e dizer te amo;
Olhar as estrelas do céu, a lua e o futuro,
Sair com amigos, gargalhar e fazer planos.
Aprendi que a vida é mais dura que um diamante.
Batalhei, trabalhei, aluguei caiaque e fui garçom na lanchonete.
Fiz roçada, capinei, cultivei, irriguei e plantei.
Colhi, alcancei metas, fui rico, cansei e a felicidade encontrei.
Empreendi negócios, confiei, acreditei e fui traído,
Perdi quase tudo além da esperança e do Amor,
Comecei de novo, me ergui, acreditei e venci.
Insatisfeito queria mais, busquei a paz.
Estudei, acreditaram em mim, me fiz doutor.
Conheci amigos, amigos verdadeiros, grandes companheiros.
Rimos juntos, estudamos juntos, choramos juntos, ganhamos juntos,
E no fim, apesar das dificuldades, a vontade era de voltar.
Insatisfeito queria mais, busquei a paz, a nobre paz.
Arrisquei tudo, sem nada a temer virei o mundo,
Mochilei pelos campos, fiz-me pobre, mendiguei e descobri que
Quando estou fraco é então que sou forte.
Apodreci, morri e o melhor aroma do perfume expeli.
Consagrei, me entreguei e a paz encontrei;
Ainda inacabada, porém tão perfeita e completa
Que a cada dia vou vivendo e descobrindo sua chave secreta.

Meu Erro

terça-feira, 24 de abril de 2012

segunda-feira, 23 de abril de 2012

O FUNDAP e o Espírito Santo



    O Estado do Espírito Santo tem vários instrumentos disponíveis para incrementação do desenvolvimento econômico e social, dentre eles o FUNDAP - Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias.

           O FUNDAP, criado pela Lei 2508/70, é um mecanismo de incentivos financeiros voltado para o incremento do comércio exterior do Estado, através de importações e exportações, e para o crescimento da formação bruta de capital fixo, através da viabilização de projetos produtivos além de proporcionar a restituição de uma parcela da operação na forma de financiamento para aplicação em novos projetos ou na expansão de suas atividades. A empresa para ter direito a este financiamento precisa ter sua sede no estado do Espírito Santo e suas operações de comércio exterior devem ser tributadas com o ICMS no Estado. Além de que as empresas participantes do FUNDAP devem investir o valor financiado, no mínimo uma média de 10%, em projetos que irão gerar desenvolvimento, renda e  emprego no Espírito Santo.

            Contudo, na última semana o Senado Federal, com o aval da Exc. Senhora presidenta do Brasil Dilma Rousseff que desde a campanha política troca farrapos com o estado do Espírito Santo, decidiu unificar a arrecadação do ICMS da União. A ideia de unificar a arrecadação soa muito bem aos nossos ouvidos, todavia, o jeito que votaram para a extinção da FUNDAP acarretará danos irreversíveis na casa dos bilhões para a máquina fundiária do Espírito Santo. Essa decisão não prejudicaria apenas o Espírito Santo, mas também os estados de Goiás e Santa Catarina, dentre outros. Mas mesmo assim somos a minoria nesse diálogo capitalista. O governador do Estado do Espírito Santo, o sr. Renato Casagrande, disse em entrevista que "sente uma falta de solidariedade federativa" e diz que irá apelar para a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) com a argumentação de que o fim da FUNDAP seria o "fracasso da política" que demonstra uma ação irracional e desequilibrada. O governo do estado acredita que o processo de transição de oito anos para o fim da FUNDAP poderia minimizar os prejuízos, e recorre também com esse argumento.            Trocando em miúdos, o que vai acontecer é que se o governo do Espírito Santo não pensar numa alternativa que favoreça o interesse das empresas de investirem no estado, esse investimento será feito em outros "estados potências" causando um crescimento desigual no país, o que seria um fracasso total para a nossa economia. Não adianta pintar um Brasil bonito se as suas bases estão caiadas! Quem são as bases do nosso país? Por acaso pode o Chefe do Estado brasileiro menosprezar uma pequena, porém relevante, coluna que sustenta a nação?

            O melhor passo a ser dado no momento é de estudar e conhecer a situação, a população capixaba precisa mostrar para os grandes latifundiários capitalistas que uma pedrinha no sapato incomoda e muito. Vamos conhecer a realidade e cobrar daqueles que foram dignos de nossos votos e deixar claro que a nossa política não é feita de troca de favores, mas como digna nossa bandeira, de gente que confia e de um povo trabalhador. 


domingo, 22 de abril de 2012

O QUE SEI SOBRE MIM?



Sei poucas coisas sobre mim, apenas sei que nada sei.Sou confuso, abstrato, incapaz de produzir felicidade, mas sei que sou capaz de buscá-la. Por muito tempo a busquei tão longe de mim, mas só a encontrei dentro do meu coração.Sei apenas que nada sei!Sei que sou bruto, cruel e rude ao notar que magoei, corrompi e fiz chorar. Dói demais ser assim, mas acredito que posso mudar, me desarmar. Alguns dizem que águas passadas não movem moinho, talvez não movam aquele moinho, mas em potencial moverá outros mais, assim eu sei que sou.Arrepender-se e seguir o curso das águas é essencial na vida, é algo que sei sobre mim. Sei poucas coisas sobre mim, apenas sei que nada sei.Sei que atropelo o sentimento dos outros feito um caminhão, egoísta, violento, mas também sei que quem mais sofre com isso sou eu.Sei que sou inacabado, que apenas iniciei o meu caminho, mas nada disso saberia se eu não fosse sincero, corajoso , verdadeiro e sensível para perceber o que sei sobre mim. Sei poucas coisas sobre mim, só sei que nada sei!



Revista Praia



 

 

 

 

 

 

 

 

   

   

   

   

   

   

   

   

 

 


quarta-feira, 18 de abril de 2012

FÉ, ROCK E POESIA



            Fé, rock e poesia! Estão aí três coisas que mexem  comigo. Três coisas que me levam as alturas, que tocam a fibra do meu coração! Sem a Fé não haveria razão para minha existência. A fé me faz ser imaginavelmente forte, ela me faz alçar altos voos, faz-me voltar a mim, a minha razão. faz-me dosar o medo e acreditar, isso tudo, minha fé que é pequena , imagina o que seria capaz uma fé grande!            O rock me contagia, me envolve; ele dita o ritmo da minha fé, é minha pulsação! O rock é o meu talismã, minha esfinge. É no rock que eu encontro alento, o meu leito, o meu conforto.            A poesia é o meu sentimento, ela é a minha alma. a poesia é a sublimação do meu ser, é o canto do pássaro, o som de um riacho, o desabrochar da flor, o nascer do sol, a noite de luar, o beijo do apaixonado, enfim, a poesia é minha alma.            A comunhão de fé, rock e poesia, compõe a minha música, a minha missão. A união das três torna-se o meu sorriso, o meu abraço carinhoso, o meu ouvido atento, torna-se a minha canção.            Eu sou música composta de fé, rock e poesia. Quando alguém me pergunta, -Denis quem és?, eu respondo, -Eu sou Fé, Rock e Poesia! Assim eu vou aprendendo a seguir meu caminho com passos fortes, sensibilidade para perceber as belezas a beira do caminho e a alegria da certeza da conquista do objetivo. Eu sou Denis, Fé, Rock e Poesia!



Realidade...

Em matas que tem onça, macaco inteligente não grita!



quinta-feira, 12 de abril de 2012

FELICIDADE MIÚDA


         Estamos vivendo numa época em que o tempo está mudando. Não é uma simples mudança de tempo, mas um tempo de mudança. Alguns momentos da nossa história foram marcados por essa transformação, por exemplo, a Idade Média, o período clássico Europeu e várias épocas que ficarão registradas eternamente em nossa sociedade.         Então, esta mudança não é algo inédito, não é novidade, mas o que difere este tempo dos outros é que nesses outros momentos da história tinha-se em vista o que poderia ser de mais moderno, mais novo, e o novo era durável. Contudo, hoje a modernidade já está ultrapassada, o novo não é tão durável e o que é novidade agora, torna-se obsoleto logo amanhã.         Acompanhar o mercado, as mudanças sociais, as novas tecnologias e as capacidades humanas tem sido uma tarefa árdua, pois tem causado confusão na capacidade antropológica do ser humano de sobreviver com aquilo que lhe é necessário. A maioria dos homens não sabem o que é essencial para a sua sobrevivência, portanto acompanhar as opções de uma sociedade excludente e capitalista tem sido a busca pela felicidade de muitos. Os que conseguem acompanhar esse processo alcançam a "felicidade", porém uma felicidade miúda, mesquinha e vazia. Todavia, os que não conseguem acompanhá-lo vivem em um mundo secundário e "não original" em busca da felicidade perfeita, infelizes e hipócritas, avarentos e ambiciosos em busca de alcançarem o primeiro nível. Contudo, o que nenhum dos dois sabem, é que ambos lotam os consultórios psiquiátricos em busca da cura que está dentro deles próprios, mas que durante toda a vida foi procurada tão longe e distante e nunca foi encontrada e nem poderá ser comprada.         Agora vem o questionamento. Qual é a saída para tudo isso? Haverá solução? O problema maior é esse, a vida atualmente é totalmente efêmera e ainda não se pode ver uma luz no fim do túnel, ainda não somos capazes de saber onde iremos chegar e como lá chegaremos. Esse é o maior problema! Todavia, uma das coisas em que eu mais acredito é que cada dia dever ser vivido intensamente com o que ele tem a nos oferecer. Aproveitar o hoje com os presentes que ele nos tem a oferecer, pode ser uma boa maneira para aproveitar cada detalhe do dia e ser feliz de verdade.



quarta-feira, 11 de abril de 2012

#AFavorDaVida

Hoje o STF irá julgar o projeto de lei que tornará legal o Aborto de fetos Anencéfalos. Essa lei, que fere o direito da vida do ser humana e atropela os princípios éticos que regem nossa sociedade, deixará uma brecha para a aprovação do Aborto! O que é a vida? O que é o ser humano? O procurador Vladimir Safatte diz que o feto é um parasita. Será? O que é um parasita? A população brasileira já disse NÃO ao aborto em plebiscito, somos mais de 90% da população contra a aprovação dessa lei e pelo pronunciamento prévio dos Ministros da Suprema Corte Federal, eles fazem parte dessa parcela de 10% que é favor ao aborto ou não se pronunciou contra. Se essa lei for aprovada, ela ferirá a democracia em nosso país. Se a lei do aborto de Anencéfalos for aprovada eu me questionarei, SERÁ QUE EXISTE DEMOCRACIA NO BRASIL?



terça-feira, 10 de abril de 2012

ANÁLISE SOCRÁTICA DOS TEMPOS ATUAIS



FREI BETO

Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'. Comemorei: 'Que bom então de manhã você pode brincar dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...' 'Que tanta coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!' Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito.Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como estava o defunto?'. 'Olha uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa? Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, vestir este tênis,  usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!' O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba  precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose. O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse. Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, constrói-se um shopping Center. É curioso: a maioria dos shoppings centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas.Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial é sentir-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do Mc Donald...Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: “Estou apenas fazendo um passeio socrático”. Diante de seus olhares espantados, explico: Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores o assediavam, ele respondia:- "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz!"



segunda-feira, 9 de abril de 2012

RECOMEÇO


         Quando o sol entrou hoje pela minha janela o meu coração sorriu. Ah! Como é bom senti-lo novamente em minha pele, os olhos ficam mais nítidos e o dia mais bonito. Receber a visita do sol após um tempo nebuloso ou de tempestade é sinal de que tudo nessa vida tem recomeço.         A nossa vida só se completa quando recomeçamos. A aurora é um recomeço assim como o ocaso, da mesma forma que a vida e a morte. A morte é um recomeço não só para o defunto, mas para aqueles que de alguma forma receberam seu toque. Um livro, uma música, um filme também são recomeços. O amor é recomeço, aliás, só o amor nos permite recomeçar.         O desejo de viver bem a cada dia, passa necessariamente pela capacidade que temos de amar, portanto, se amamos pouco, pouco vivemos, e se muito amamos, muito viveremos.

Semana Santa


O nosso itinerário de Fé se traduz a isso...







CRÉDITO DE IMAGEM: Denis Dutra Marques

terça-feira, 3 de abril de 2012

O Dia

A cada manhã inicia-se um novo dia, um dia novo cheio de novidades, os acontecimentos geralmente não se repetem. As pessoas até tentam programar o seu dia acreditando que ele caberá em uma página de agenda, mas não cabe, ele transcende! Concordo que a agenda ajuda a organizar o dia, mas não programá-lo. O dia tem programação própria.As pessoas se queixam por caírem na rotina, mas o que é a rotina? A rotina nada mais é do que um dia programado, controlado que descontrola-se e nos sufoca. O grande poeta mineiro Gimarães Rosa dizia que felicidade se encontra em horinhas de descuido, ou seja, horas não programadas, horas fora do roteiro, do script. Portanto, faça do seu dia inteiro horinhas de descuido. Não estou dizendo isso afim de demasiar o compromisso, as responsabilidades, muito pelo contrário, estou afim de torná-lo mais autêntico. O dia está pronto para nós, está pronto para ser vivido, e nós insistimos em enche-lo de remendos. Ele é muito mais belo puro, sem reparos. Por isso é preciso lembrar-se sempre de que os compromissos diários estão a serviço do homem e não o homem é escravo dos seus apontamentos. Não perca de vista o seu ponto de partida e assim poderás contemplar as belezas do dia. O dia puro e simples, mas que pode nos fazer muito mais felizes.O arco-íris, o sol são fragmentos do dia que estamos deixando de contemplar. Por isso que recordamos com tanta saudade do tempo de infância, a marca do tempo em que vivíamos intimamente sintonizados com o dia.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Nowadays

Sometimes we have to stop! Stop! And Think!

Diário Pessoal 02/04/2012



Logo de manhã ao abrir os olhos e perceber a luz penetrando, sentir o ar adentrando as narinas, encontrar o ritmo do meu coração; me enchi de esperança. Sei que apesar de tudo, ainda estou vivo, ainda sou capaz de escrever um verso, ainda sou capaz de compor uma poesia e sei que ainda poderei entoar uma canção. Poucos as querem ouvir, mas não importa, eu não me importo, o que na verdade importa é que tudo isso é a mais sincera e sublime manifestação de Amor do meu amor ao Amor de toda a minha vida.Enquanto for capaz de acordar todas as manhãs com esses sentimentos  seguirei andando, caminhando rumo ao encontro da voz que me chama, tendo uma única certeza, a certeza de que são incertos os caminhos que irei palmilhar.

domingo, 1 de abril de 2012

COTIDIANO



            Nesta manhã gelada onde até mesmo o sol é frio, questiono a minha existência. Viver numa sociedade onde o ter e o prazer é a filosofia mais convincente, a vida religiosa consagrada é um escândalo para o mundo. Olho ao meu redor e me sinto perdido no mesmo lugar ao assistir as pessoas indo e vindo de mão vazias procurando não sei o que, e encontrando sabe-se lá o quanto. A sensação que tenho é que o mundo gira sem finalidade, como um pião arremessado por algum garoto. Roda, gira; gira e roda esperando apenas a sua inércia com a perda das forças. Parar eu sei que vai, mas quando, onde e como, isso eu não sei não senhor.            Grito e não sou ouvido. Corro mas não consigo chegar, parece um pesadelo. Estou preso, perdido no mesmo lugar. Assisto, me divirto com o palmilhar das horas, dos minutos, dos segundos. Sonho e durmo sem acordar. Quem será capaz de despertar-me do sono? Repito! Quem será capaz? O movimento aqui é intenso, é insistente, e vou seguindo seu fluxo sem ser capaz de acompanhá-lo. Onde estou? Quem eu sou? Não sei! Realmente não sei. Eu não sei se continuo a caminhar ou volto pela estrada. Sigo o fluxo ou o coração? Ei, psiu, você! Está ocupado como os outros, que pena, que solidão. Estou perdido no mesmo lugar. 

Pronto, falei!

Quando alguém grita é porque não é capaz de ouvir a voz do silêncio!
!@@@@!
As vezes viver no INFERNO não é opção sua, mas a sua opção poderá torná-lo melhor. Experimente!