terça-feira, 27 de setembro de 2011

CHAVE SECRETA


Nasci na terra do Frade e a Freira,

Do monte Aghá e da Senhora do Amparo. Padroeira.

Nasci na terra das águas do Itapemirim

Na terra dos barões, da história, da agricultura e da Paineiras.

Cresci as margens do Atlântico, dos brejos e lagoas;

Banhei-me nas praias do Centro, das Turcas, do Carone,

Nas Lagoas D’Antas, do Siri e do brejo do vovô.

Cresci chupado manga e Jamelão, e subia nos pés de goiaba.

Cresci chamando a professora de titia

E cantando adeusinho eu vou embora no fim do dia.

Brinquei de pique, bola, polícia e ladrão

E descia os morros com carrinhos de rolimã.

Acordei! Fui a Igreja. Brinquei e rezei.

Entrei para a catequese, estudei os mandamentos e fui a missa.

Fiz-me santo! Confessei, comunguei e Crismei.

Participei de encenações, passeios e procissões.

Aflorei nas brincadeiras à caminho da escola,

Nas conversas de amigos e nos jogos de bola.

Descobri-me homem sem querer, por acidente

Nas brincadeiras sozinho, ou de médico e paciente.

Amadureci matando as aulas chatas de química

Para dizer estudar anatomia, beijar na boca e dizer te amo;

Olhar as estrelas do céu, a lua e o futuro,

Sair com amigos, gargalhar e fazer planos.

Aprendi que na vida é mais dura que um diamante.

Batalhei, trabalhei, aluguei caiaque e fui garçom na lanchonete.

Fiz roçada, capinei, cultivei, irriguei e plantei.

Colhi, alcancei metas, fui rico, cansei e a felicidade encontrei.

Empreendi negócios, confiei, acreditei e fui traído,

Perdi quase tudo além da esperança e do Amor,

Comecei de novo, me ergui, acreditei e venci.

Insatisfeito queria mais, busquei a paz.

Estudei, acreditaram em mim, me fiz doutor.

Conheci amigos, amigos verdadeiros, grandes companheiros.

Rimos juntos, estudamos juntos, choramos juntos, ganhamos juntos,

E no fim, apesar das dificuldades, a vontade era de voltar.

Insatisfeito queria mais, busquei a paz, a nobre paz.

Arrisquei tudo, sem nada a temer virei o mundo,

Mochilei pelos campos, fiz-me pobre, mendiguei e descobri que

Quando estou fraco é então que sou forte.

Apodreci, morri e o melhor aroma do perfume expeli.

Consagrei, me entreguei e a paz encontrei;

Ainda inacabada, porém tão perfeita e completa

Que a cada dia vou vivendo e descobrindo sua chave secreta.

COTIDIANO


Nesta manhã gelada onde até mesmo o sol é frio, questiono a minha existência. Viver numa sociedade onde o ter e o prazer é a filosofia mais convincente, a vida religiosa consagrada é um escândalo para o mundo. Olho ao meu redor e me sinto perdido no mesmo lugar ao assistir as pessoas indo e vindo de mão vazias procurando não sei o que, e encontrando sabe-se lá o quanto. A sensação que tenho é que o mundo gira sem finalidade, como um pião arremessado por algum garoto. Roda, gira; gira e roda esperando apenas a sua inércia com a perda das forças. Parar eu sei que vai, mas quando, onde e como, isso eu não sei não senhor.

Grito e não sou ouvido. Corro mas não consigo chegar, parece um pesadelo. Estou preso, perdido no mesmo lugar. Assisto, me divirto com o palmilhar das horas, dos minutos, dos segundos. Sonho e durmo sem acordar. Quem será capaz de despertar-me do sono? Repito! Quem será capaz? O movimento aqui é intenso, é insistente, e vou seguindo seu fluxo sem ser capaz de acompanhá-lo. Onde estou? Quem eu sou? Não sei! Realmente não sei. Eu não sei se continuo a caminhar ou volto pela estrada. Sigo o fluxo ou o coração? Ei, psiu, você! Está ocupado como os outros, que pena, que solidão. Estou perdido no mesmo lugar.

sábado, 24 de setembro de 2011

SILÊNCIO

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por
Denis Dutra Marques,sdb

A LOUCA!


Acho que estou grávida! A principio fiquei assustada, mas logo me acalmei. Minhas amigas estão espantadas e me questionam a veracidade do fato, porém, eu não disse que estava grávida, mas sim que achava que estou grávida! Então elas me perguntam: então você não está grávida!?! E eu respondo que não sei, pois somente acho que estou grávida! Me chamam de louca e me perguntam o porquê eu não faço o exame para comprovar ou não a existência da gravidez. Elas não me entendem, não respeitam este meu momento “diferente”. Estou feliz de viver o “risco” da possibilidade de uma gravidez, é diferente, é algo novo que me proporciona uma alegria nova não vivida em nossa sociedade. As pessoas geralmente quando desconfiam de uma gravidez, procuram logo tirar a duvida, elas não vivem intensamente esse momento que eu estou vivendo. Me chamam de louca, insensata, mas são todas hipócritas ao viverem o medo e o prazer de uma gravidez. Não se trata de um desleixo da minha parte, muito pelo contrário, dou muita importância ao fato, contudo não quero deixar de ser Mãe sem deixar de ser mulher, forte, guerreira. Se eu estiver realmente grávida, um dia não mais estarei, porque já serei mãe, e a criatura que provavelmente habita em mim será expelida como um objeto estranho para se aconchegar em meus braços e se tornar meu filho, meu amado, minha vida.
Acredito que as pessoas entraram em um ciclo que as prende, impossibilitando a felicidade. Estão tão ligados a estrutura, que esquecem o tesão da vida, a alegria, a liberdade, a autonomia. Por isso, eu acho que estou grávida! Pouco me importa o que virá! Eu não me fadigarei nas preocupações assoberbadas. Eu estou bem assim, feliz, tranqüila, livre. Todavia, elas só transam com camisinha e anticoncepcional, ou se preferir, tem relação sexual com preservativos e contraceptivos, juntos para ter certeza que evitarão a gravidez, não quero ser assim, nem como aqueles que abortam ou depositam no lixo o parasita intra-uterino, muito menos como aquelas que se sufocam em suas preocupações pré-natais. E já disse! Não quero ser assim, não me importo com as conseqüências dos meus atos desde que não fira ninguém. Somente acho que estou grávida, e se estiver mesmo, um dia não estarei mais e isso pouco me importa! O que me importa de verdade é que os meus filhos brasis estejam em meus braços bem cuidados, preservados, amados e, sobretudo preparados para a guerra da soberania, da dominação do kietche. Posso está grávida, por isso não me preocupo, pois sei que devo estar preparada para amar my lovely preganacy !!!

Denis Dutra Marques

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A VOCAÇÃO DA GRAMA


É interessante observarmos um vasto campo gramado após longos períodos de chuva. Podemos notar a beleza que é a natureza criada por Deus, perdemos minutos, que fazemos questão de dizer, que são preciosos em nossa vida. Nós nos permitimos aprisionar pela beleza, de forma que nada mais importa naquele momento, é a sensação de energia boa que sentimos em dados momentos impossíveis de serem narrados. Em um dado momento do êxtase estético, somos tomados por sentimentos racionais que nada mais são do que a maturação da experiência. Passamos a notar os detalhes que compõe tão bela paisagem, é como se passássemos a contemplar os retalhos de uma bela e encantadora coxa de retalhos. Notamos que dentre a grama brotam flores, árvores, dentes de leão, etc., uma infinidade de coisas boas e também ruins. O fato é, que se olharmos apenas os simples detalhes corremos o risco de nos atermos apenas a partículas feias sobre a grama, por nos chamar tanta atenção. Corremos o risco também de acharmos que a beleza da primeira visão é suficientemente única, e por nos acomodarmos a ela não avistamos outros campos, não mudamos a direção do nosso olhar. No entanto o êxtase que a beleza nos apresenta, serve-nos apenas como estímulo para uma longa jornada em outros campos gramados. Assim podemos perceber que nem todos os campos são esteticamente belos como aquele campo irrigado pela chuva, contudo o desafio é perceber que mesmo seco, murcho, cheio de falhas e até aparentemente sem vida, eles não perdem seu valor, sua importância, sua missão. Tudo na vida tem um objetivo, e a vocação da grama não é diferente. Um broto de grama na terra é apenas mato, um broto com outros brotos formam um gramado, um gramado com outros brotos formam um campo, que se for visitado pela chuva será verde e belo, se não receber visitas murchará conforme a época e o tempo. Assim somos nós, verdes e impuros, murchos e fortes, que na beleza ou dureza da vida somos capazes de escolher quem queremos ser. Se for mato, que sejamos mato ao irmos contra a opinião pública quando essa for contra a vida; se for gramado, que sejamos afim de construirmos amizades puras e sinceras; se formos campo, que sejamos humildes e dispostos aos outros; e por fim, se estivermos murchos pela aridez da vida, que sejamos fortalecidos pela raiz da fé, ao ponto de acreditarmos sempre que essa é a nossa missão, e que dias melhores de chuva virão nos visitar na medida em que entendemos nossa vocação.

O Lado de Dentro do Lado de fora























O Lado de Dentro do Lado de Fora, com muitas poesias que refletem a veia autoral do Viraldo, apelidado carinhosamente de Capoeirista pelo JBJ. Faço um convite, com ousadia: não fique do lado de fora e viaje no tempo, quando palmas eram batidas num “Ô de casa!”, vindo logo a resposta num “Ô de fora!”. Entre, puxe seu tamborete e ouça a canção dos nossos antepassados, num dedo de prosa que traduz muita sabedoria.

Robério Cordeiro
Robério Cordeiro é designer gráfico, graduado em Artes Plásticas pela
Universidade Federal da Bahia, pós-graduado em Crítica de Arte e Estética.

Revista Salesianos 2011























Revista Anual publicado pelos Salesianos do Mundo inteiro. Entende-se mundo inteiro os 5 continentes do globo e os 130 países em que estamos presentes.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O Mundo de Sofia

FOLHA EM BRANCO

Hoje recebi uma folha em branco.
A recebi assim que aos olhos abri,
Não havia nada escrito, estava em branco.
A tomei, e junto a ela segui.

Caminhei, dei passos, cheguei e despedi;
Corri, gritei, chorei e sorri;
Amei, lutei, resisti, me entreguei,
Olhei, enxerguei, contemplei e toquei.

Cheirei a flor que perfume exalou,
Senti em meu corpo um profundo calor,
No rosto a brisa da borboleta que voou.
No peito a certeza do profundo amor.

Caí, odiei, xinguei, blasfemei,
Levantei pelo sol, as estrelas e o céu.
Sofri, senti dor, adoeci e morri;
Vivi, tive paz, acreditei e sorri.

Sonhei! Acordei e no fim do Sol percebi,
Rabiscos, borrões, correções, corretivo
Palavras, versos, poesias e canções.
Minha vida, folha em branco só depende de mim.

SAUDADES DA LUZ


Vivo feliz, mas sentindo a ausência de muita coisa, sinto falta da história, da minha história. Minha história é feita de fragmentos, é feita de pequenos momentos que foram suficientes para que se tornassem eternos.
Sinto falta da Lua e da sua luz que me contagiava, das estrelas e do seu brilho que me cativava; dos raios de Sol que o seu sorriso manifestava. Sinto falta das conversas sob o manto celestial, das reflexões com cheiro de café e aroma de filosofia, sinto falta dos papos misturados com literatura. Sinto falta da Luz, da minha Luz, da Luz que me inspirava, que me animava, que me encorajava.
Acredito que me adaptei viver sem tua luz, mas aprendi a viver com você, ainda que seja distante, por isso escrevo, porque tenho você ao meu lado, mesmo que estejas à quilômetros de mim. Posso sentir a sua Luz, sua vida a completar a minha.
Diz o poeta que saudade não tem tradução, e realmente não tem! Não tem tradução, não tem preço, mas tem tamanho. O tamanho da minha saudade por ti é incalculável, porém eu arrisco preenche-la com fragmentos. Fragmentos seus que eu ouso reter, e que misteriosamente consigo expandir, expansão esta que se tornou combustível essencial a minha vida e carrego comigo a maior herança que me deixara, a Poesia! Viva a arte do Amor! Viva a Luz! Viva a Vida! E vivo com saudades da Luz.

sábado, 10 de setembro de 2011

Homenagem ao Denis



Video feita em homenagem ao Denis Dutra Marques na ocasião do seu aniversário no ano de 2010!

terça-feira, 6 de setembro de 2011

NOVINTER

MOMENTOS VIVIDOS PELOS SALESIANOS NO NOVINTER DO INÍCIO DE OUTUBRO!!




El Alfarero

QUERER É PODER (O meu grito silencioso)

Eu quero, eu posso! Será?
Oh vida difícil! Oh vida indecisa!
Será que para alcançar metas,
Basta apenas optar por elas?
Toda escolha passa pelo querer,
Porém sempre com uma conseqüência
Que poderá ser boa ou ruim.
Acredito sim, que querer é poder,
Contudo, analisado, avaliado e decidido.
Nossas escolhas, mesmo que incoerentes,
Não deveriam acompanhar o arrependimento,
Pois sempre nos ensina o querer.
Agostinho impõe uma condição ao querer,
O Amor! Ele inverte os papéis e
Coloca o querer a serviço do poder.
O amor é o poder, é a força, é a origem e a meta.
Se agirmos segundo o amor, o querer
Será claro e o poder será um amigo.
O ideal não é fazer a “coisa certa”,
Mas fazer certo as coisas que queremos,
Ou seja, agir conforme aquilo que me edifica.
Edificar é erguer-se sempre,
Mesmo após as quedas, após o ato frustrado.
Eu quero, eu posso! Será?
Será assim, pois eu Amo,
Se eu amo faço o que eu quero,
E fazer a minha vontade é dosar o querer
Com pitadas de sentimento, gotas de razão e
Uma farta quantia de atitude.
Eu quero! Eu posso!

A MARGEM


Certa vez um viajante passava por uma pequena vila onde havia uma antiga lenda sobre a existência de um valioso tesouro escondido na margem oposta do rio que corria próximo àquela vila. O homem ao tomar consciência da lenda dirigiu-se apressadamente ao rio citado na lenda.
Quando o viajante preparava-se para adentrar naquelas águas escuras e aparentemente tenebrosas, eis que surge um respeitado ancião que vivia na vila e lhe disse: “Se eu fosse você não arriscaria entrar nessas águas amaldiçoadas, este é rio é muito profundo e sua correnteza arrasta tudo o que está a sua frente.” O viajante temeu tal advertência e preferiu aguardar um pouco mais antes de aventurar-se, decidiu ficar e elaborar um plano para chegar à outra margem. Nessa ocasião, a lenda ficou conhecida pela região, de forma que atraiu inúmeros curiosos.
Chegou a vila um forasteiro que possuía conhecimento científico, e dirigiu-se imediatamente ao rio. Ao chegar em sua margem encontrou aquele viajante sonhando, e começou a preparar a sua canoa afim de colocá-la na água e alcançar a outra margem. Quando estava prestes a fazê-lo foi interpelado pelo viajante: “Espero que você não ouse atravessar este rio amaldiçoado com esta canoa, este rio profundo possui uma correnteza feroz, o último canoeiro que tentou atravessar foi sugado pela queda livre como a terra suga a água da chuva.” O forasteiro preocupado com tal colocação po-se a pensar o que fazer para alcançar a outra margem.
Chegou à margem uma equipe de mergulhadores e se puseram a preparar os equipamentos a fim de alcançar a outra margem. Eis que o viajante e o forasteiro se aproximaram da equipe e disseram: “Vocês serão capazes de mergulhar neste rio amaldiçoado? Existem feras horrendas que habitam sua profundeza e devoram qualquer coisa que se atreva a cruzar essas águas.” Ao ouvirem isso os mergulhadores temeram e preferiram rever seus cálculos de mergulho.
Dessa forma surgiram outros e outros que se punham a margem e temiam as águas profundas daquele rio, formando uma multidão que se punha a margem a discutir sobre a maldição do rio, a lenda do tesouro ficara para segundo plano, o assunto principal era o monstro que se tornara o rio.
Der repente, para surpresa de todos que estavam ali, um jovem saiu da margem e ousou pisar na água sem nenhum equipamento, um homem com o seu braço alcançou-o e tocou fazendo com que ele se virasse, a multidão pô-se a discursar sobre a maldição do rio com grande veemência, ao fim do discurso o jovem sorriu, fez um leve acenou com a mão e aumentou os passos rumo a outra margem, a mão e aumentou os passos rumo a outra margem, o povo desesperou-se, esperando o extraordinário a qualquer momento, mas o jovem continuou sua caminhada, sua travessia. O jovem, com água na cintura, no máximo acima do umbigo, chegou até a outra margem, resgatou o tesouro, que era seu por direito, para surpresa e loucura de todos que se punham a margem oposta do rio. Eles não compreendiam, se perguntavam por que, discutiam entre si e permaneciam à margem, enquanto aquele único e simples jovem alegrava-se.
O fato ficou mundialmente conhecido, fazendo com que canais de TV de todo o planeta cobrissem o fato. Contudo, um fato ainda maior chamou a atenção de todos. Quando os repórteres foram entrevistar aquele que se tornara o homem mais rico do mundo, descobriram que ele era surdo.
O jovem desprovido de equipamentos modernos, sem conhecimento técnico, sem muitas ambições, possuía algo que àqueles que estavam à margem não possuíam, a falta de audição. Assim também devemos ser, para sairmos da margem, para quebrarmos paradigmas, mudarmos a condição atual, precisamos estar surdos para as vozes internas e externas. Somente a coragem, a razão e a voz do coração serão capazes de nos ajudar num processo de transformação, em quebrar paradigmas, e nos conduzir a uma vida feliz.