quarta-feira, 28 de março de 2012

Dionísio e o pensamento neoplatônico no cristianismo


         O nome que vem após ao de Agostinho, entre os pensadores referentes a Idade Média, é o de Dionísio, ou Pseudo-Dionísio. Se o argumento de Agostinho baseia-se no círculo cultural latino, o de Dionísio baseia-se no círculo cultural grego.         Dionísio, que escreveu um conjunto de escritos denominado corpus dionysiacum, apresenta uma síntese do neoplatonismo tardio, baseando-se nas ideias de Próclo, sobretudo a ideia do êxtase, que une a criatura ao criador, e que é essencialmente a mesma ideia plotiniana da união na alma com o Uno.         O pensamento de Dionísio se expõe em contínua tensão dialética. De um lado está a teologia afirmativa, que no meu ponto de vista, pode ser uma ideia hierarquizada; pois nomeia Deus com os nomes que são acessíveis a razão e que são dados pela revelação, como, Deus é, Deus é unidade e tríade; Deus é ser, vida e sabedoria; Deus como ser, deixa e faz ser todo o ente; Deus como sabedoria, ilumina e constrói todo o inteligente. E ainda apresenta Deus usando metáforas, usando nomes que são acessíveis ao discurso comum, como dizer que Deus é vento, é água, é fogo, etc. que no meu ponto de vista é um processo emanente. E do outro lado ele expõe a teologia negativa, não afim de negar à Deus, mas afim de reafirmá-lo. Conceituar Deus é uma forma de limitá-lo, por isso a teologia negativa de Dionísio propõe um retorno a Deus a partir da ideia de que Deus não é nada sensível; também não é nada daquilo que nos é inteligível, pois transcende tudo, tanto o sensível, quanto o inteligível. Seria uma imanação?         Contudo, nenhuma das duas teologias farão sentido fora da teologia mística, ou seja, elas se encontram na experiência da busca da união amorosa com o Divino. Deus é a causa, o princípio, a essencia e a vida de tudo. Deus é o fundamento do ser de todos os entes, um fundamento sem fundo, que se retrai e se retira do horizonte do ser, à medida que transcende o próprio ser. Ele não é nada daquilo que existe e não pode ser conhecido em qualquer uma das criaturas, apesar de tudo o que existe ser uma semelhança Dele.

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