A Jornada Mundial da Juventude Rio
2013 começou para mim ainda no mês de setembro do ano passado quando começamos
a nos organizar para irmos ao Rio de Janeiro. O nosso grupo era composto por 54
membros, dos quais haviam salesianos e jovens das obras salesianas de Belo
Horizonte. A cada encontro que realizávamos em preparação para a jornada nos
tornávamos uma família de amor e fraternidade, isso aumentava ainda mais a expectativa
para a JMJ. Há alguns meses da Jornada eu fui convidado a integrar a equipe de
Comunicação Social da Família Salesiana e acompanhar no Rio de Janeiro a equipe
da Missioni Don Bosco da Itália que
iria fazer um documentário sobre os jovens que participavam da JMJ, encerrava
aí toda a preparação enquanto peregrino e surgia uma corrida contra o tempo para
preparar-me para o trabalho confiado.
Com essa mudança surgiram algumas
frustrações. Primeiro a de ter que deixar de ser peregrino e a “família”
constituída nos encontros e acampamentos realizados em Belo Horizonte. Depois em
ter que dirigir pelas ruas de uma cidade como o Rio de Janeiro sem ao menos conhece-la,
e além de transportar uma equipe de jornalistas estrangeiros. Confesso que
fiquei com medo e pensei em desistir, foi dureza!
Contudo, apesar de tantos
transtornos, tive uma grande oportunidade de acalmar meu coração, aliviar a
minha a alma e fazer uma excelente preparação para a JMJ. Isso se deu na Semana
Missionária em Barbacena, onde sem sombra de dúvidas pude fazer uma rica e
profunda experiência do Amor de Deus e viver a melhor preparação para o grande
evento que reuniria jovens do mundo inteiro.
Viajei no dia 21 de julho para o Rio
e desde o Aeroporto de Confins pude respirar o clima da jornada encontrando-me
com vários peregrinos que tinham o mesmo destino que o meu. O voo que eu estava
parecia ter sido fretado exclusivamente para a JMJ, foi muito bacana. Nesta hora
eu percebi, pela primeira vez, como os olhares do mundo inteiro estavam
voltados para o Rio. Ao desembarcar no Aeroporto Santos Dumont fui acolhido por
uma voluntária muito simpática natural da Argentina. Outro ponto que me chamou
muito a atenção os voluntários estrangeiros eram tão acolhedores que a
impressão que tive era de que eles viviam há anos no Rio e de que estavam nos
acolhendo em suas próprias casas. Pude viver na pele a letra do Hino oficial da
JMJ 2013, “...nossa terra não tem cercas, nem limites o nosso amor...”
Realmente, naquela semana no Rio de Janeiro ouvia-se apenas uma linguagem, a do
Amor, e a cidade sede da jornada tornava-se o coração do mundo.
Não demorou muito para que uma
frente fria nos pegasse de surpresa e nos fizesse sentir na carne a dor de
espinhos. Não consigo me recordar de uma noite mal dormida devido ao frio que o
meu corpo era castigado como aconteceu na jornada, a chuva tornava o frio ainda
mais violento, contudo, a fraternidade que se vivia nas ruas transformava
dificuldades como essas em propósitos de
alegria e serviço. As pessoas se ajudavam mutuamente e não permitiam que algum
necessitado seguisse adiante sem ao menos experimentar da amigável caridade.
Devido ao meu trabalho com a equipe
da Missioni Don Bosco pude participar
da catequese em diversos idiomas diferentes e encontrar-me com as culturas mais
diversas do globo terrestre; Isso me ajudou a experimentar a unidade da Igreja
no mundo inteiro, e a perceber que é na diversidade que nos tornamos um. Cada sorriso,
cada olhar, cada rosto expressava um gesto de gratidão a Deus por viver tão
grande alegria.
O encontro com o Papa Francisco faz
o coração arder e nos faz correr ao encontro de outras pessoas afim de anunciar
que Cristo Vive e Reina. Ele nos envia em missão “Ide e fazei discípulos entre
todas as nações”, e sob esta ordem nós retornamos aos nossos lares não mais
como simples seguidores, mas como Discípulos Missionários de Jesus, animados a
anunciar as “Maravilhas que Ele tem realizado entre nós”. No final da JMJ pude
perceber que apesar de se tratar de um evento de massa, e no caso do Rio com um
público de mais de 3,5 milhões de pessoas, a experiência da jornada não é
coletiva, mas particular, individual. Cada um, mesmo que tenha andado junto de
alguém o tempo todo, faz a sua experiência de fé que é única. Assim como o
encontro pessoal com Deus divide a história do indivíduo em duas, antes e
depois, a Jornada Mundial da Juventude torna-se na evangelização da Igreja um
novo campo de missão, tornando os jovens protagonistas de suas histórias e
construtores de uma nova civilização, a Civilização do Amor.
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