quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Nos passos da JMJ, crônicas de um quase peregrino #01


            A Jornada Mundial da Juventude Rio 2013 começou para mim ainda no mês de setembro do ano passado quando começamos a nos organizar para irmos ao Rio de Janeiro. O nosso grupo era composto por 54 membros, dos quais haviam salesianos e jovens das obras salesianas de Belo Horizonte. A cada encontro que realizávamos em preparação para a jornada nos tornávamos uma família de amor e fraternidade, isso aumentava ainda mais a expectativa para a JMJ. Há alguns meses da Jornada eu fui convidado a integrar a equipe de Comunicação Social da Família Salesiana e acompanhar no Rio de Janeiro a equipe da Missioni Don Bosco da Itália que iria fazer um documentário sobre os jovens que participavam da JMJ, encerrava aí toda a preparação enquanto peregrino e surgia uma corrida contra o tempo para preparar-me para o trabalho confiado.
            Com essa mudança surgiram algumas frustrações. Primeiro a de ter que deixar de ser peregrino e a “família” constituída nos encontros e acampamentos realizados em Belo Horizonte. Depois em ter que dirigir pelas ruas de uma cidade como o Rio de Janeiro sem ao menos conhece-la, e além de transportar uma equipe de jornalistas estrangeiros. Confesso que fiquei com medo e pensei em desistir, foi dureza!
            Contudo, apesar de tantos transtornos, tive uma grande oportunidade de acalmar meu coração, aliviar a minha a alma e fazer uma excelente preparação para a JMJ. Isso se deu na Semana Missionária em Barbacena, onde sem sombra de dúvidas pude fazer uma rica e profunda experiência do Amor de Deus e viver a melhor preparação para o grande evento que reuniria jovens do mundo inteiro.
            Viajei no dia 21 de julho para o Rio e desde o Aeroporto de Confins pude respirar o clima da jornada encontrando-me com vários peregrinos que tinham o mesmo destino que o meu. O voo que eu estava parecia ter sido fretado exclusivamente para a JMJ, foi muito bacana. Nesta hora eu percebi, pela primeira vez, como os olhares do mundo inteiro estavam voltados para o Rio. Ao desembarcar no Aeroporto Santos Dumont fui acolhido por uma voluntária muito simpática natural da Argentina. Outro ponto que me chamou muito a atenção os voluntários estrangeiros eram tão acolhedores que a impressão que tive era de que eles viviam há anos no Rio e de que estavam nos acolhendo em suas próprias casas. Pude viver na pele a letra do Hino oficial da JMJ 2013, “...nossa terra não tem cercas, nem limites o nosso amor...” Realmente, naquela semana no Rio de Janeiro ouvia-se apenas uma linguagem, a do Amor, e a cidade sede da jornada tornava-se o coração do mundo.
            Não demorou muito para que uma frente fria nos pegasse de surpresa e nos fizesse sentir na carne a dor de espinhos. Não consigo me recordar de uma noite mal dormida devido ao frio que o meu corpo era castigado como aconteceu na jornada, a chuva tornava o frio ainda mais violento, contudo, a fraternidade que se vivia nas ruas transformava dificuldades como essas em propósitos  de alegria e serviço. As pessoas se ajudavam mutuamente e não permitiam que algum necessitado seguisse adiante sem ao menos experimentar da amigável caridade.
            Devido ao meu trabalho com a equipe da Missioni Don Bosco pude participar da catequese em diversos idiomas diferentes e encontrar-me com as culturas mais diversas do globo terrestre; Isso me ajudou a experimentar a unidade da Igreja no mundo inteiro, e a perceber que é na diversidade que nos tornamos um. Cada sorriso, cada olhar, cada rosto expressava um gesto de gratidão a Deus por viver tão grande alegria.
            O encontro com o Papa Francisco faz o coração arder e nos faz correr ao encontro de outras pessoas afim de anunciar que Cristo Vive e Reina. Ele nos envia em missão “Ide e fazei discípulos entre todas as nações”, e sob esta ordem nós retornamos aos nossos lares não mais como simples seguidores, mas como Discípulos Missionários de Jesus, animados a anunciar as “Maravilhas que Ele tem realizado entre nós”. No final da JMJ pude perceber que apesar de se tratar de um evento de massa, e no caso do Rio com um público de mais de 3,5 milhões de pessoas, a experiência da jornada não é coletiva, mas particular, individual. Cada um, mesmo que tenha andado junto de alguém o tempo todo, faz a sua experiência de fé que é única. Assim como o encontro pessoal com Deus divide a história do indivíduo em duas, antes e depois, a Jornada Mundial da Juventude torna-se na evangelização da Igreja um novo campo de missão, tornando os jovens protagonistas de suas histórias e construtores de uma nova civilização, a Civilização do Amor.

            

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