Diz uma lenda que Adão pediu a Deus
que lhe mostrasse as consequências de seu pecado. E Deus o fez ver um mar de
suor, de lágrimas e de sangue. De fato, a vida do ser humano sobre a terra,
após ao pecado, tornou-se um mar de suores, um oceano de lágrimas e um mar de
sangue. Vemos isso, principalmente quando olhamos para a porção da nossa
sociedade que mais sofre com as bárbaras atitudes não cristãs e nem tampouco
humanas praticadas por alguns.
Numa
sociedade tão preocupada, ao menos de forma aparente e teórica, com os direitos
humanos, e profundamente mergulhada nas mais sofisticadas tecnologias, torna-se
até contraditório acreditar que haja necessidade de a Igreja dizer NÃO ao
tráfico humano, de existir uma Igreja que cante em coro, “É para a liberdade
que Cristo nos libertou!”.
A
contradição não se dá pelo simples fato de a Igreja promover tal tema para a
Campanha da Fraternidade, a contradição está ligada ao fato de ser necessário
abordar tal temática em um mundo que se auto intitula “Moderno”, Pós-Moderno”
ou, historicamente, “Avançado”. O fato é que se a Igreja nos propõe esse tipo
de reflexão é porque tal situação acontece na sociedade. Todavia, não adianta
uma porção sociocrata elaborar belos tratados de direitos humanos se não for
reconhecido o maior ato de Amor em prol da humanidade.
Portanto
irmãos e irmãs, ao celebrarmos a paixão de Cristo neste ano de 2014 nós somos
convidados a refletir sobre a total entrega de Cristo na cruz em favor de toda
a humanidade. Quando Jesus Cristo profere a sua sétima e última palavra na
cruz, “Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito”, Ele na verdade assina, com
seu próprio sangue, a ‘Carta de Alforria’ que nos é dada gratuitamente por amor.
Num
mundo contemporâneo onde as palavras ‘Amor’ e ‘Paixão’ estão um tanto que
relativizadas, nós somos convidados, através do jejum, da abstinência e da
oração, a voltarmos ao seio do Amor primeiro. Somos convocados a vivermos a
liberdade plena que Cristo nos oferece. Isso porque a cruz, que antes era um
símbolo de morte, tornou-se hoje para nós cristãos o símbolo da libertação e
comunhão com Deus através da Paixão de Cristo e a sua extrema prova de amor
pela humanidade.
Na
cruz de Cristo nossa humanidade, representada pela haste horizontal, se
encontra com a Misericórdia Divina, representada pela haste vertical, no centro
onde depositamos todos os sinais de morte, dor e pecado que nos impedem de
viver plenamente o Amor Divino pela Paixão de Cristo.
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