A nova geração gay nos Estados Unidos
Um novo termo tem gerado discussões
nos Estado Unidos, na verdade é mais que um termo, é mais do que uma sigla é um
ideário que poderá mudar completamente a visão tradicional de Homem e
Mulher de toda uma sociedade. A sigla L.G.B.T.,
abreviação em inglês de Lesbians, Gays,
Bissexuas, Transgenderes (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis), é de
conhecimento de muitos, contudo, o que significaria o “Q.I.A.” adido à
expressão?
O termo está dividindo a opinião dos
norte americanos, tanto os heterossexuais quanto os homossexuais, pois põe em
cheque princípios homogêneos da civilização humana. O assunto é tão abrangente que até o The New York Times tem abordado o
assunto em suas colunas. O fato é que em Faculdades, como a Sarah
Lawrence em Nova York, dentre outras, surgem grupos estudantis que tem
levantado a bandeira de que o a ideia apreendida pelo termo “LGBT” não é capaz
de assegurar plenos direitos a todos e todas, por isso acrescentar “QIA” (Queer, Intersex, Asexual, Ally),
tentemos entender o que isso significa. A palavra queer ao pé da letra significa “bicha”, mas o uso aqui tem um
sentido mais amplo e intenciona-se dar um sentido mais positivo a este termo
antes usado pejorativamente. Na verdade “queer”
atua com a ideia que abrange as pessoas de ambos os gêneros que possuem uma
variedade de orientações, preferências e hábitos sexuais, ou seja, um termo
neutro que possa ser utilizado por todos os adeptos desse movimento. E Intersex refere-se a pessoas em que a sua
característica física não é expressa por características sexuais exclusivamente
masculinas ou femininas. E a vogal “A” que se encontra no final da sigla remete
a duas palavras com significados distintos, a primeira Asexual que designa uma pessoa assexuada, ou seja, uma pessoa que
não possui atração sexual nem por homens e nem por mulheres ou que não possua
orientação sexual definida, e a segunda palavra, Ally, abrange as pessoas que não se identificam com as pessoas
pertencentes ao grupo LGBTQIA, mas os respeitam e asseguram que seus direitos
sejam cumpridos.
Apesar de embaraçoso, acredito que
não seja o significado da sigla que tenha despertado a curiosidade e a
indignação de muitos norte-americanos, mas a intencionalidade deste movimento. O
folhetim de maior circulação nos Estados Unidos, o The New York Times, publicou no mês de janeiro deste ano as
opiniões e as reivindicações desse grupo, que o jornal chama de “Nova geração
gay dos Estados Unidos”. A matéria ressalta o destaque que esses grupos tem
alcançado na sociedade a partir de diálogos, debates e organização de grupos
nas Universidades, esses grupos de estudantes homossexuais tem feito com que
instituições de ensino superior repensem sua estrutura logística, bem como a
sua organização institucional ao criar banheiros, dormitórios e ambientes
bissexuais, cobrir cirurgias de mudança de sexo nos planos de saúde universitários,
e em algumas Universidades, como a de Iowa, os estudantes ao preencherem o
formulário de matrícula encontram três itens a serem marcados no campo “sexo”,
masculino, feminino e transgênero.
O que causa maior receio é que este
movimento contradiz ao próprio movimento homossexual tradicional, por se tratar
da militância de uma geração totalmente independente. O paradigma entre as gerações
é evidente, pois enquanto o movimento gay que conhecemos, e ainda nem
conhecemos bem, parece ter o foco no casamento gay, nas uniões estáveis de
pessoas do mesmo sexo e adoções, essa nova geração gay busca algo ainda mais
radical que é superar o binômio macho e fêmea, eles querem uma independência de
gênero. A grande questão não é quem eles amam ou com quem eles vão se casar, a
preocupação é com “o que eles são”, ou seja, sua identidade independente da
orientação sexual que seguem.
O jovem Santiago, colombiano que
estuda nos Estados Unidos e pertence a essa nova geração homossexual, fez a
seguinte observação em um dos encontros promovidos pelos grupos estudantis
LGBTQIA nas universidades, "Por que só determinadas letras entram na
sigla? Temos nossas lésbicas, nossos gays, bissexuais, transsexuais, bichas,
homossexuais, assexuais, Panssexuais, Omnissexuais, Trissexuais, Agêneros,
Bigêneros, Terceiro gênero, Transgêneros, Travestis, Interssexuais, Dois
espíritos, Hijras, Poliamorosos." E concluiu: "Indecisos,
Questionadores, Outros, Seres Humanos."
A mudança de paradigma causa desconforto em
todas as pessoas, contudo, uma reação não regulada pode causar um pandemônio ou
até uma guerra, por isso, devemos pensar, refletir, questionar, entender o que
se passa a nossa volta afim de garantir em nossa sociedade o direito de ir e vir
de todo o ser humano, como reza a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Contudo,
não basta simplesmente fechar-nos em nossos ideais acreditando que eles sejam
insuperáveis a ponto de se tornarem a “verdade absoluta” que não pode ser
questionada. O respeito é um princípio primordial na convivência humana, mas
será que as partes tem respeitado a si e ao próximo?
Sem
responder a pergunta anterior, concluímos e acrescentamos no embate o grande filósofo
Heráclito de Éfeso que diz existir um “movimento permanente das coisas que se
desfazem, transformando-se em outras coisas”, para ele o mundo explica-se pela
causa e consequência das mudanças e contradições que nele ocorrem, para ele a
centralidade da vida no mundo encontra-se na experiência da oposição que as
coisas fazem umas as outras. E acrescenta
"O divergente consigo mesmo concorda;
harmonia de tensões contrárias, como de arco e lira". Assim, a divergência
e a contradição não só produzem a unidade do mundo, mas também sua
transformação. O mundo é um eterno fluir, como um rio, e é impossível banhar-se
duas vezes na mesma água. Fluxo contínuo de mudanças, o mundo é como um fogo
eterno, sempre vivo, e "nenhum deus, nenhum homem o fez". Será
que os seres humanos estão sofrendo mutação? Será que Deus mudou, não é o mesmo?
Em que barco se encontra a humanidade e em que porto ela atracará?
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