sábado, 29 de setembro de 2012

Filosofia do Rivotril



         Não precisa ser um grande estudioso para notar o alto crescimento de uma escola do pensamento no campo mundial. Tal escola tem difundido uma cultura depressiva entre os seus pensadores, e estes tem ganhado cada vez mais notoriedade; para se ter uma ideia, está até muito bem divulgada nos meios de comunicação social. A escola a qual me refiro é a veia morta da humanidade alta consumidora das drogas anestesiantes do saber. O consumo de antidepressivos tem crescido consideravelmente nos últimos tempos, e quanto mais se consomem os rivotrils da vida, mais alienação existe entre os consumistas depressivos. Dado ao fato, não impressiona perceber que a sociedade atual, diferente de outros tempos, acumula problemas para si. Será porque que as pessoas estão, aparentemente, cada vez mais afundadas em situações desagradáveis que não tem fim? Acredito eu, que o pensamento crítico na contemporaneidade está em crise, em uma crise existencial. Não digo isso apenas em questões acerca do pensamento teórico, mas também do pensamento prático do cotidiano humano. Sim, o jovem após uma decepção amorosa prefere “encher a cara” a enfrentar a situação. Os pais, por sua vez, preferem tomar calmante e ir dormir ao ter que ver o seu filho chegar “chapado” em casa. Não há diálogo, não há confronto de ideias, não há produção do pensamento.
         As pessoas estão fugindo dos seus problemas de um modo nem tanto aconselhado. A razão está sendo anestesiado a fim de aliviar a dor e o sofrimento. Contudo, a melhor maneira de solucionar ou aliviar a dor definitivamente é enfrentando-a, todavia, não é uma tarefa de fácil execução e nem nos apresenta prazer ao exercê-la, porém as consequências serão muito mais agradáveis. É preciso encarar o medo de sofrer. O esquivamento só aumentará a nossa fuga do monstro que nos oprime, que cresce e ganha mais força a medida que não o enfrentamos.
         Assim, podemos entender que os anestésicos da mente, apesar de aliviar a dor naquele momento crítico, não soluciona os nossos reais problemas, muito ao contrário, na verdade, eles nos enfraquecem diante dos nossos maiores inimigos, como o medo, o sofrimento e a dor. Esses inimigos, muitas das vezes são nossos bichinhos de estimação que habitam os nossos sonhos e que depois de ignorados tornam-se os monstros que dominam os nossos pesadelos e nos conduzem a um só lugar, ao fracasso. Aqui, acredito caberia a célebre frase do Cleto Calimam, “É preciso cultivar os pequenos vícios para não cairmos nos maiores”. Quando reconhecemos nossas fraquezas, temos uma maior possibilidade de nos tornarmos mais fortes, pois, cuidar com atenção das sitações que nos fazem sentir seres pequenos nos tornam pessoas mais maduras capazes de enfrentar com grandeza os problemas maiores.
         Enfim, não se trata de masoquismo ou uma busca desnecessária pela dor, mas um confronto de sentimentos que tem como finalidade o bem-estar pessoal. Lembrando que o conflito é sinal de vida, e o sentimento de prazer estar ligado ao não prazer, logo o saber parte da dúvida. Por isso permitamo-nos confrontar afim de que produzamos conhecimento, prazer, alegria e bem-estar.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Louvor a Chuva



Ansioso esperava, persistindo aguardava
O fenômeno natural que este ano tão tardara!
Necessidade expressava homens e mulheres
Gente comum da burguesia ou bastardo.
Crianças e anciãos, com força clamavam
Venha do alto, oh! Tão pura água!

A terra tem sede, avermelhada soprava,
Sobre as murchas folhas as vezes queimadas!
Desastres se viam nas nuvens cinzentas
Que ao céu quase tocavam, nas duras queimadas!
Animais desfaleciam, na dureza do dia
Só o homem não via dolorosas ações.

A tristeza pairava na tão alegre natureza
que despida de tua tão grande beleza
gemia e chorava qual mulher em dores de parto
no silencioso grito que nos becos ecoava
afim de suas vozes juntar e um único clamor entoar
aos seres do alto e um novo canto cantar.

Dou graças aos céus que o meu canto ouviu
E sem reservas o meu pedido proveu
Do alto, da longínqua imensidão nos enviou
Tão bela e pura a torrencial chuva
Que tão forte e imponente a sede saciava
Dos miseres que desiludidos pastavam!

Oh! Glória! Alegria e Louvor! Entoemos em coro
Por tão grande e esperada visita amiga
Que aos campos vem os prantos enxugar!
Que a cor desbotada faz cintilar, realçar,
Quão grande beleza brutalmente demasiada
Pela força, pela dor, no ardor da forte chama.

Olhe! Contemple! Viva tão grande beleza
A beleza dos verdes campos e a pureza do ar
Que as narinas vêm visitar e a alma acalmar
Coroando-nos com tão valioso presente divino
Composto por dois hidrogênios e um oxigênio
Que sobre nós vem derramar afim de a vida transformar.

Quero sair, correr e brincar
Sob os fortes pingos em meu rosto a rolar
Faço a infância voltar, na alegria do meu peito a pulsar
Ah! Faço festa, entôo canções e rimo meus versos
Em um grande louvor a irmã água
Que do céu me visita e provocante minha vida ínsita.

Lua da Semana!


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Para Refletir

"Brasil! Mostra a tua cara quero ver quem paga pra gente ficar assim!"


Recadinho do coração para uma alma possivelmente crítica

Observe a Imagem!
Observou? Então pronto, vamos começar!
-Você conhece esse senhor da imagem?
-Senhor!?
-Sim, senhor sim! Ele é um ser humano como o senhor, ele tem um nome como o senhor, ele é cidadão como o senhor, ele tem direitos e deveres como o senhor...
Este "senhor" atende pelo nome de Edmundo, e creio poder chamá-lo de amigo! O Edmundo não é vagabundo, não é bandido, não é traficante, não é uma porção de coisas que imaginamos ser ao observar a foto. O senhor Edmundo é simplesmente mais um cidadão como o "senhor", como nós! A diferença é que o Edmundo não teve condições sociais e psíquicas para continuar sendo o que foi um dia. Todos nós sofremos desagradáveis conflitos na vida, porém ainda continuamos de pé! 
Conheci o Edmundo no último sábado (22/09) na rua Bahia no centro de BH. O Edmundo é um poeta fabuloso, suas poesias traduzem conflitos da alma humana, retratos do seu cotidiano, e demonstra uma sensibilidade sobre-humana da realidade física e também metafísica. 
Tentando conhecer o Edmundo eu comecei a duvidar de quem eu era. 
Suíte do Edmundo
Eu durmo sobre colchões macios e lençóis limpos e o Edmundo sobre um papelão velho; Eu durmo com um edredom quentinho e um travesseiro macio e o Edmundo com um cobertor furado e reclina a cabeça sobre uma pedra; Eu tenho o Estado de Minas a Folha de São Paulo todos os dias e o Edmundo folhas de jornais da semana passada; eu tenho uma dieta regular e o Edmundo a sobra do cachorro, quando tem!;  eu tenho família, amigos, estudo e trabalho para curar minha nostalgia, e o Edmundo a cola de sapateiro numa garrafa de Coca Cola; Eu tenho pessoas, como você, que leem os textos do meu blog, mas ninguém se interessa pelos poemas do Edmundo que são literalmente superiores aos meus!!!   (??????????)
Diante disso, fico a imaginar o que os nossos representantes políticos tem feito para mudar a história de Edmundos espalhados pelo país inteiro. Triste é acreditar que nada! Triste é perceber que tanto políticos quanto eleitores, cidadãos, cristãos, seres humanos, enfim, não enxergam o Edmundo. "Pior é o cego que não quer ver!" A nação tem o representante que merece, que elegeu e que tem a sua cara, a sua índole e caráter. Uma mudança, não vem de cima para baixo! Como construímos um prédio de 15 andares? Será que construímos o décimo quinto andar primeiro? Apesar de ser totalmente incoerente é a realidade que estamos vivendo no Brasil. Estamos construindo a nossa sociedade a partir do décimo quinto andar. A base está comprometida, está podre. E de quem é a culpa? Ora, do Edmundo é claro!
Quantos Edmundos você já fez sorrir?
Quantas vezes você já se colocou no lugar do Edmundo?
Confesso que a minha amizade com o Edmundo tem me constrangido, porém, o que seria de mim sem o constrangimento? Por isso quero lhe fazer uma proposta, vamos lançar uma campanha, a campanha "Ajude um Edmundo!" Faça um Edmundo feliz para uma sociedade melhor! Lembrando o seguinte, um ato de bondade só é válido quando feito despretensiosamente. Não adianta fazer o bem ao Edmundo simplesmente pelo fato da obrigação moral e/ou religiosa, ou pela possibilidade de ver as praças sem moradores de rua, e nem por que eu posso ser um Edmundo um dia, mas pelo simples fato de que eu não sou melhor que Edmundo nenhum!
Lembrando! Um governo honesto é feito por eleitores honestos, uma sociedade justa é feita por cidadãos justos, uma religião oblativa é feita por fiéis oblativos e um Edmundo feliz é feito por outro Edmundo feliz.
Pense nisso!
Arte Edmundesca

Felicidade Miúda



         Estamos vivendo numa época em que o tempo está mudando. Não é simplesmente uma época de mudança, mas uma mudança de época. Alguns momentos da nossa história foram marcados por essa transformação, por exemplo, a Idade Média, o período clássico Europeu e várias épocas que ficarão registradas eternamente em nossa sociedade.
         Então, esta mudança não é algo inédito, não é novidade, mas o que difere este tempo dos outros é que nesses outros momentos da história tinha-se em vista o que poderia ser de mais moderno, mais novo, e o novo era durável. Contudo, hoje a modernidade já está ultrapassada, o novo não é tão durável e o que é novidade agora, torna-se obsoleto logo amanhã.
         Acompanhar o mercado, as mudanças sociais, as novas tecnologias e as capacidades humanas têm sido tarefas árduas, pois causa confusão na capacidade antropológica do ser humano de sobreviver com aquilo que lhe é necessário. A maioria dos homens não sabem o que é essencial para a sua sobrevivência, portanto acompanhar as opções de uma sociedade excludente e capitalista tem sido a busca pela felicidade de muitos. Os que conseguem acompanhar esse processo alcançam a "felicidade", porém uma felicidade miúda, mesquinha e vazia. Todavia, os que não conseguem acompanhá-lo vivem em um mundo secundário e "não original" em busca da felicidade perfeita, infelizes e hipócritas, avarentos e ambiciosos em busca de alcançarem o primeiro nível. Contudo, o que nenhum dos dois sabem, é que ambos lotam os consultórios psiquiátricos em busca da cura que está dentro deles próprios, mas que durante toda a vida foi procurada tão longe e distante e nunca foi encontrada e nem poderá ser comprada.
         Agora vem o questionamento. Qual é a saída para tudo isso? Haverá solução? O problema maior é esse, a vida atualmente é totalmente efêmera e ainda não se pode ver uma luz no fim do túnel, ainda não somos capazes de saber onde iremos chegar e como lá chegaremos. Esse é o maior problema! Todavia, uma das coisas em que eu mais acredito é que cada dia dever ser vivido intensamente com o que ele tem a nos oferecer. Aproveitar o hoje com os presentes que ele nos tem a oferecer, pode ser uma boa maneira para aproveitar cada detalhe do dia e ser feliz de verdade.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Imagem da semana!


Algo que muito me impressiona ao observar um Ipê é perceber que mesmo com a falta de chuva e a paisagem meio acinzentada ele consegue se impor, colorir e amenizar a dor dos olhos!

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Servo no Amor

Servus in Charitate


Dom José Eudes é aclamado pelo povo como novo bispo da Igreja


"O Senho Colocou-nos no mundo para os outros" (Dom Bosco)


Dom Geraldo Impõe as mão sobre mons. José Eudes
invocando o Espírito Santo
No último sábado, participei pela primeira vez de uma Ordenação Episcopal. Aconteceu na cidade de Barbacena-MG e o eleito era o Rev. Mons. José Eudes Campos do Nascimento. Uma cerimônia rica em símbolos e com ritos fortes de elevação do coração humano ao coração de Deus realizou-se na praça do centro da cidade. Contudo, o que mais me chamou a atenção não foi tanto a grandeza do rito, a beleza da ornamentação, ou a bela celebração ali realizada, mas, ao seu final, as palavras do já então bispo da Igreja de Leopoldina-MG Dom José Eudes. Primeiro, a menção de gratidão à Família Salesiana, onde ele deu os primeiros passos de sua caminhada ao chamado de Deus, e que segundo ele, o acompanha até os dias atuais através do testemunho de São João Bosco. "O Senhor colocou-nos no mundo para os outros é para mim o verdadeiro testemunho de um cristão comprometido com a Palavra de Deus". Segundo, quando em sinal de amor e humildade agradeceu a sua família por tanto amparo e ensinamento. De forma especial lembrando-se do falecido pai "João Bananeiro", como era conhecido, e como fez questão de chamar o seu querido pai em sinal de amor e humildade diante de todo o povo de Deus presente naquela praça. E por último, ao se dirigir aos então diocesanos de Leopoldina, "Se vocês procurarem um Doutor em Teologia, um especialista em Liturgia, e conhecedor do Direito Canônico, um grande pensador e intelectual, perdoa-me mas acredito que vocês terão que esperar um pouco, pois não possuo domínio dessas características, mas se vocês estiverem a procura de um Pastor, de um Pai e Amigo, gostaria de dizer que estou a disposição." Com essas belas palavras Dom José Eudes foi aplaudido pelo povo que com lágrimas nos olhos se orgulhava em encontrar num pequeno ser humano as bençãos e a graça de Deus grandioso.




A Bíblia é colocada sobre a cabeça do ordenado, para que este seja guiado pela Palavra Divina






Dom José Eudes pronuncia o seu discurso de agradecimento

Placas


Quando agente acha que já viu de tudo nessa vida, sempre nos aparece uma novidade. No último fim de semana fui conduzir um padre até a sua terra natal (Joselândia, distrito de Santana dos Montes-MG) e durante o percurso fui surpreendido por uma placas inusitadas que chamaram a minha atenção pela criatividade e espontaneidade. 
Conduzia pela pedregosa estrada quando avistei... 


...não bastace a advertência acima, o interlocutor enfatizou... 



Já gozava de uma alegre surpresa e atenção redobrada quando fui informado o real motivo de ser necessário conduzir "DEVAGAR MESMO"

Seria cômico se não fosse trágico! Imagina a quantidade de formigas que são esmagadas pelas estradas do nosso Brasil sem alguma atenção e amparo sequer.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

O valor de uma amizade


Hoje encontrei-me a refletir sobre o valor de uma amizade, daí pensei, quanto custa um amigo? Quantos fundo-fixos eu teria que economizar para adquirir uma amizade verdadeira? Quantos investimentos, aplicações? Estou sendo muito capitalista ao tentar comparar uma amizade com um investimento ou um fundo monetário. Posso então tomar a liberdade e pensar assim, quanta coisa da vida particular eu teria que deixar de fazer para construir uma amizade? Quantas vezes eu teria que deixar de ser "eu" para dedicar-me ao "outro"? Pensando assim percebi o quanto somos egoístas e buscamos amizades que nos fazem apenas desfrutar das coisas que nos interessam. Somos tolos quando não percebemos que um único amigo vale mais que toda a nossa vida, e que quem foi capaz de encontrá-lo encontrou um tesouro de inestimado valor. As vezes passamos a vida inteira e só no final dela percebemos que vivemos e não convivemos, percebemos que nos fizemos felizes, mas não permitimos que alguém nos fizesse feliz, ou melhor, descobrimos que não fizemos o "outro" feliz. Pior é quem acha que a felicidade é individual, solteira, isolada. A felicidade é coletiva, é comunitária, é conjugal. No final de tudo só chego a uma conclusão, não sou capaz de entender nem sequer compreender o real valor de uma amizade, pois a quem foi concedida tamanha graça não importa fundo fixo, investimento, capital de giro, tempo perdido, mas a vida inteira que alguém o fez feliz de forma recíproca. E no final das contas percebemos que o que realmente vale a pena é ter um amigo e ser amigo de alguém. E a vida apenas nos fará sentido quanto tivermos com quem partilha-la. Pense nisso! Um abraço amigo!